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Para Max Weber as questões éticas, sendo do domínio da razão, colocam-se ao nível das práticas sociais.
A acção moral compreende dois aspectos essenciais. A subjectividade (o sujeito) e a razão (dimensão racional). Assim, o sujeito responde pelas suas acções.
João Pissarra Esteves considera haver um reconhecimento do papel dos media como sinal da importância da comunicação da vida social. Entende igualmente que entre ética e comunicação há uma intersubjectividade de responsabilidade ao nível dos comportamentos morais. E é essa intersubjectividade que impede que a noção de responsabilidade se transforme em mera ilusão (ideologia)
João Pissarra Esteves afirma que reduzir a ética à deontologia seria trágico. Entendendo a ética em sentido restrito do conjunto de regras para a realização da actividade profissional conduziria a uma ideologias do profissionalismo. Seria um objectivismo entendido na ausência de Razão Prática, ou seja a responsabilidade de responder com responsabilidade. Uma desresponsabilização do sujeito com valores. O sujeito ético.
Marshall McLuhan 1962 afirmava já que uma nova tecnologia que prolonga os nossos sentidos, provoca um novo relacionamento social. A intervenção dos media no meio social funciona como intermediação. E cria e impõe a sua própria realidade. E a propósito da tecnocracia João Pissarra Esteves afirma que a reificação da solução técnica produz desproblematização dos agentes com valores (universo ético).
A natureza do raciocínio ético é comum à ciência. Procura assumir um carácter problemático à determinação do que é realmente verdadeiro (wirklichkeit) ou realmente justo, assumindo o real um carácter objectivo e universal.
Finalmente segundo Stephan Toulmin “em ética, como em ciência, as referências à experiência pessoal (sensível e emotiva) são substituídas por Juízos que procuram a universalidade e a imparcialidade”
Esteves, João Pissarra – A Ética da comunicação. Lx: FCG. 2003
McLUHAN, Marshall - La galaxie de Gutenberg. Paris: GAllimard. 1962
TOULMIN, Stephan E. - El puesto de la razón en la ética. Madrid: Alianza. 1960
WEBER, Max - Essai sur la théorie de la science. Paris: Plon. 1922
António Borges Regedor
Há uma onda de derrube de estátuas na Europa e nos Estados Unidos da América.
As estátuas hoje não são mais que documentos históricos. O que essas pessoas representam não pode ser percebido sem contextualização histórica.
A escravatura é das condições mais antigas da história. Na antiguidade passava-se da condição de ser livre possuidor de terra, para a condição de escravo por incumprimento de dívidas por exemplo. O indivíduo livre passava a escravo porque ficava sem a propriedade da terra, mas continuava nela, na sua casa, a cultiva-la como dantes.. Não raro os escravos eram cultos e tinham razoável condição social. A educação de muitos cidadãos na Grécia, criadora da democracia, era feita por escravos. Era frequente ver escravos e homens livres a trabalhar lado a lado. Com os descobrimentos e a importação de escravos, qualquer pedreiro proprietário de escravos trabalhava lado a lado com os seus escravos. Comerciantes tinham escravos que vendiam mercadorias por Lisboa. A história regista escravos brancos, louros nórdicos, morenos árabes, negros africanos, ou de qualquer outra origem cor de pele. Durante muitos séculos a História da Humanidade regista a condição de escravo no seu contexto social. Isso corresponde a um tempo que não é o de hoje. As luzes, as ciências, o conceito de humanidade e cidadania da revolução francesa, os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, os direitos humanos, e muito também a revolução industrial, deram fim à escravatura como condição social.
Apesar de ditar o fim da escravatura os problemas económicos, sociais e de mentalidade não foram extintos. E o facto é que ainda há actualmente bolsas de sociedades islâmicas que praticam a escravatura. Gostava de ver os ignorantes que andam a derrubar estátuas a serem mais diligentes quanto a esta aberração na actualidade. Mas era pedir demais à sua inteligência.
A História está cheia de personalidades controversas que se as víssemos fora dos contextos históricos estaríamos estupidamente a apagar toda a História.
Os Faraós do Egipto tinham por prática os casamentos incestuosos, e tinham escravos, acaso derrubaremos as pirâmides?. Platão participou num governo de tirania em Atenas, e tinha escravos, acaso derrubaremos o Partenon e as estátuas de Platão ? E deixaremos de o estudar?
Os esclavagistas que levaram escravos africanos para as Américas não andavam a caçar escravos. Compravam-nos nas feitorias do litoral a escracocratas que eram igualmente negros e com isso enriqueciam. (Pelógia 2013) e (Souza 2006 apud Mocelin; Camargo 2010)
Ver hoje europeus e americanos a derrubar estátuas copiando os comportamentos dos terroristas islâmicos do Daesh é ver ignorantes de história, gente que age por impulso, irracionais, que se limitam a usar o cérebro reptíliano ( MacLean 1990).
E triste é também ver políticos indignos da responsabilidade inerente aos cargos, a pactuar cobardemente com as hordas de arruaceiros, ignorantes e imitadores da mais profunda e repugnante fobia à cultura.
A História não se apaga nem de destrói. A História tem de ser estudada, compreendida, discutida. O curso da História implica corrigir o que for de corrigir e louvar o que for de louvar. A História é apenas a memória de um caminho percorrido que permite reflectir e orientar no caminho a percorrer.
Ver também:
Barroco Tropical – de José Eduardo Agualusa
http://www.rfi.fr/br/africa/20160522-mulheres-de-angola-lideravam-trafico-de-escravos-para-o-brasil
Rosa Aparecida Pelógia - A ESCRAVIDÃO ENTRE OS PRÓPRIOS AFRICANOS, 2013.
Fonte da Foto : NUNO FOX / Expresso
Talvez se lembrem a polémica inicial da construção de passadiços ao longo das praias. Diziam os críticos que iam provocar grandes impactos, alterar a paisagem e outros argumentos. O que na realidade aconteceu é que as dunas ficaram mais protegidas, aumentou a retenção de areia reforçando as dunas, promoveu o exercício físico e um mais ordenado usufruto do litoral.
A construção de passadiços tem vindo a ser realizada em meio rural. Tal como antes, aparecem agora críticos a estes novos passadiços.
É bom saber que estes passadiços levam realmente as pessoas da cidade a conhecer espaços que de outra forma jamais o fariam, muitas por falta de condição física e saúde para fazer trilhos de natureza. Educam para a sensibilização da natureza, mobilizam pessoas, promovem o exercício físico e o turismo local o que não é um motivo menor.
Para os que contrapõem aos passadiços o percorrer trilhos de montanha, é bom que recordem que também há impacto ambiental, ou pegada ecológica ao percorrer os trilhos ou a fazer como alguém diz que percorre esses lugares de forma selvagem. Pois também essa forma de usufruto da natureza tem impactos e alguns poderão até ser maiores que o provocado pelos percurso dos trilhos.
Já percorri boa parte da costa norte do país em passadiços do litoral, conheço muitos trilhos de montanha e já fiz trilhos no Parque natural de Montesinho, na zona de Arouca, no Barroso e no Parque Nacional da Peneda Gerês que conheço razoavelmente. Nalguns casos já fiz o trilho com e sem passadiço. É o caso da descida à Cascata de Pitões da Júnias no Barroso, Parque Nacional da Peneda Gerês, num percurso que vai da aldeia passando pelo Mosteiro e que continua para a cascata para terminar de novo na aldeia. O miradouro inferios da cascata é de tal modo íngreme que inviabilizava muitos de a observar. A alternativa era aceder por um plano superior francamente perigoso e onde se desincentiva a ida. A descida está agora amenizada com um passadiço. E ainda bem. Os pais podem educar os filhos no gosto de observação da natureza sem os levar de escorregão, literalmente o que podia acontecer, pela colina abaixo. Também dessa forma se preserva o estado natural dos percursos sem a pressão do pisoteio. Sim, os passadiços são para facilitar que muita gente possa usufruir da natureza. Sem contra esta forma de acesso à natureza esta ficaria reservada a uma certa élite.
Ao contrário do que dizem os críticos os passadiços em meio rural, protegem a paisagem, aumentam o conhecimento, promovem o exercício físico, facilitam a relação litoral interior, são factor de desenvolvimento económico local. Criam emprego, fixam populações, dão sustentabilidade a territórios isolados e vulneráveis.
Na balança das vantagens e inconvenientes ganha largamente o factor do ambiente, do social, da economia e da coesão territorial.
António Borges Regedor
Da estação de São Bento se diz das mais bonitas. E assim é a obra do Arquitecto Marques da Silva. Da mesma forma não ficamos indiferentes aos painéis de azulejos da autoria de Jorge Colaço datados de 1905/1906. Um evocativo do que ficou conhecido por Torneio dos Arcos de Valdevez em 1140. Um facto importante no restabelecimento da paz entre Afonso I de Portugal e Afonso VII de Leão e Castela. O jovem rei português tinha invadido a Galiza e em resposta Afonso VII invade pelo Soajo e encontra as posições de Afonso Henriques acampado e cortando o passo na Portela de Vez. Após algumas escaramuças e vendo que maiores prejuízos haveria no confronto, os contendores decidiram a contenda em torneio. Na Idade Média a arte da guerra envolvia muitos participantes. Cavaleiros que os senhores locais se obrigavam a armar, muitos camponeses feitos soldados de tempos a tempos para efectuar escaramuças, rapinas, cercos mais ou menos demorados e alguns combates. Curiosamente e ao contrário do que vulgarmente se supõe, não se morria muito. E esta disputa em Arcos de Valdevez é um exemplo disso. Com a mediação do Arcebispo de Braga João Peculiar foi retomada a paz.
Um outro painel evoca a entrada de D. João I, em 1387 no Porto, para o casamento com D. Filipa de Lencastre. A noiva já o esperava desde Novembro do ano anterior, vinda directamente de Inglaterra, de acordo com o estabelecido com o Tratado de Windsor que combinou o casamento. D. Filipa de Lencastre ficou alojada no Paço Episcopal aguardando o Rei, seu noivo que entrou no Porto e se alojou no convento de S. Francisco. O casamento foi celebrado na Sé Catedral a dois de Fevereiro de 1387.
A conquista de Ceuta em 1415 está também representada nos azulejos da estação de S. Bento. O facto é de enorme significado para a cidade e para o país. Foi nos estaleiros de Miragaia que se construiu cerca de metade da armada que conquistou Ceuta. À época Miragaia era um praia de extenso areal onde se instalavam estaleiros navais. Dá também origem à denominação de tripeiros pelo facto do Porto ter abastecido de carne a armada e sobrarem as vísceras não utilizáveis na viagem, mas que o povo não deixou de consumir.
Para final fica a referência do painel que resulta de um mito e mistificação da história de portugal. É o mito de Egas Moniz. Mito criado pelo trovador João Soares Coelho que tentando para si projecção social se dizia descendente por via bastardo de Egas Moniz. Vivendo já no século XIII João Soares Coelho procurando glorificar o seu possível tetravô glorificava-se a si próprio.
Na verdade, documentos da época referem que Afonso Henriques cedeu ás exigências de Afonso VII. Não há certeza do cerco a Guimarães. E o aio de Afonso Henriques deverá ter sido Ermígio Moniz de Ribadouro, irmão mais velho de Egas Moniz, que nos documentos assina em primeiro lugar e que foi o primeiro conselheiro de Afonso Henriques e desempenhou funções políticas como membro mais importante da corte.
António Borges Regedor
Um dos problemas que se colocam às cidades é o da impermeabilização dos solos que provoca inundações e rupturas nos sistemas de escoamento de águas pluviais. Durante anos o modelo de casa com quintal cumpria essa função essencial dos solos urbanos, juntamente com parques e jardins.
A pressão urbanística foi ocupado os espaços de infiltração das águas pluviais que evitam inundações, sobrecarga dos sistemas de canalização e são necessários à reposição do lençol freático.
Os políticos e gestores urbanísticos foram cedendo a essa pressão e não têm cuidado de reservar entre núcleos de construção espaços de parques e jardins para cumprir entre outras a função de redução da impermeabilização do solo.
Mesmo nas urbanizações onde poderia haver espaços verdes, aparecem as chamadas pracetas completamente impermeabilizadas, o que constitui um dos maiores erros urbanos.
E este problema não se resolve com grandes parques urbanos de um lado e de outro núcleos urbanos completamente impermeabilizados, sem parques de médias dimensões, arborizados. A cidade precisa tanto de parques como de habitações. Todos temos vindo a perceber que as cidades sem arborização, sem parques, se tornam insuportáveis para viver.
António Borges Regedor
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