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Gosto de ler autores portugueses e lusófonos. No entanto as mesas e estantes das livrarias são maioritariamente de livros estrangeiros, o que é natural. O que já não é natural é não ser maior a promoção dos autores da nossa língua. A generalidade dos livros em destaque são estrangeiros e naturalmente os mais vendidos. Pelo contrário, os livros lusófonos são menos procurados, não têm tanto destaque nem promoção, ficam mais desconhecidos e compram-se menos. Fecha-se o círculo vicioso numa espiral que se afunda e que nem o plano nacional de leitura consegue salvar. Seria interessante um pouco de sacrifício na rentabilidade da exposição, as livrarias assumirem um marketing mais incisivo e destacar mais, os autores portugueses, principalmente os novos. Promoverem mais com informação pessoal e académica do autor, livros, prémios e comentários. Sabemos que a promoção não é descurada,, mas é preciso mais. E mais promoção e visibilidade, mais exposição e presença aumentam as vendas. E aumentando as vendas e os leitores. É o círculo vicioso, mas em espiral ascendente que se alarga.
António Borges Regedor
Bons livros dão bons filmes. Talvez não tenham sido feitos filmes de todos os bons livros. Nos últimos tempos o livro não tem que ser uma excepcional obra literária, mas é seguramente um best-seller que passado ao cinema ganha ainda maior dimensão.
Há uma questão que se coloca a quem leu o livro e depois viu o filme. A diferença. Diferença da leitura. Cada leitor lê de modo diferente. Depois de escrito cada leitor faz um livro diferente. Normal que o filme seja também produto de uma leitura diferente e naturalmente um livro diferente. Outra diferença é o da extensão. Obviamente uma narração de noventa minutos não poderá ser tão extensa, ter tanta informação, tantos pormenores como a leitura por trinta , sessenta ou noventa dias. Tenho esse exemplo com o “Nome da Rosa” de Umberto Eco. O livro contem muito mais informação da idade média, nomeadamente na diversidade de correntes monásticas e no disputado terreiro da correcção teológica e filosófica. Aqui reside o elemento estruturante do livro e do filme consequentemente. As mortes são provocadas por perspectivas teológicas diferentes na apreciação das expressões filosóficas. No caso, o Riso em Aristóteles, que trata o tema no seu volume II da “Poética”. O filme pode não dar visibilidade a esta questão, mas é a grande questão que no livro é a causa das mortes. Por isso ler um livro é bem diferente de ver um filme. Independentemente da abstrair do facto de mediação que o filme constitui em relação à ideia original.
Reconheço no entanto que ver um filme que resulte de adaptação é uma possibilidade interessante no contexto da enorme oferta de lazer para além da leitura. Que o cinema, e agora na visualização de cinema em casa, constitui um meio que na classificação de Marshall McLuhan e mais quente, o que significa de menor esforço para o consumidor dessa plataforma de fornecimento de lazer. E há imensa escolha em formato filme e série. Desde os clássicos, até aos best-seller tipo “guerra dos tronos”.
Os bons livros continuarão a dar bons filmes e não será isso que nos privará da nostalgia da leitura em papel, do cheiro a tinta fresca, do tacto das fibras vegetais compactadas mecanicamente à espessura de oitenta gramas o metro quadrado.
António Borges regedor
Temos a ideia das sociedades masculinas da antiguidade sem qualquer papel relevante das mulheres. Mas nem sempre é assim, nem é exactamente assim.
Temos nota da influência da mulheres nos cultos, e até na guerra (com o exemplo das amazonas). Sociedades de mulheres como na ilha de Lesbos ou da influência das mulheres nos homens de poder, muito concretamente na sociedade romana clássica.
Na ciência temos o exemplo bem conhecido de Hypatia de Alexandria (c. 351/3370-415) e um pouco antes dela Zenóbia (c.240-depois de 274) que reinou no Império de Palmira durante o período do Império Romano.Mulher
Palmira é essa cidade no centro da actual Síria que foi destruída pelos terroristas do estado islâmico. Talvez a sua raiva tenha sido tão evidente em Palmira porque Zenóbia ainda é hoje uma heroína nacional da Síria.
Palmira no século III, o tempo de Zenóbia era formalmente subordinada ao Império Romano e fazia parte da província romana da Síria Fenícia.Ordonato o sei rei tinha vários títulos romanos.
Zenóbia reinou por morte do marido e regência do filho menor. Culta , promoveu a cultura na sua Corte de Ciência e Filosofia. Aproveitou o declínio de Atenas de onde os filósofos saíam para outros centros de cultura como Alexandria, e mais tarde Constantinopla. Ela própria falava o aramaico-palmirenho, egípcio, grego e latim. Promoveu a tolerância religiosa e a diversidade cultural numa complexa sociedade de diversas tribos aramaicas e árabes. Os Palmirenhos eram politeistas com Bel por principal Deus, mas Zenóbia acolheu Judeus e Cristãos. Como acolheu todos os outros cultos e assim acolheu os diversos grupos marginalizados pelos Romanos no processo de cristianização. Manteve diplomaticamente boas relações com cristãos influentes de Antioquia que controlava o cristianismo do Oriente. Ajudou mesmo a manter a igreja ao bispo de Antioquia depois de um Sínodo em 268 que o removeu.
Reinava integrada no espaço do Império Romano. O Império defendia os Balcãs contra os germânicos e descuidava as províncias orientais. Isso deu a Zenóbia a oportunidade de se substituir aos romanos , em poder na região e chegar até à anexação do Egipto. Segundo o historiador Jacques Schwartz a sua intenção foi defender os interesses económicos de Palmira. A declaração de secessão de Roma ditou o ataque pelos romanos, o cerco, captura e exílio para Roma onde veio a morrer.
Palmira tinha sido politicamente influenciada pela cultura Grega e foi antes da monarquia governada por um Senado à imagem da Pólis Grega.
O documento mas antigo que comprova Zenóbia como rainha de Palmira é uma inscrição da base de uma estátua datada de Agosto de 271 em que é designada por “rainha mais ilustre e piedosa”. Assumiu o título de Augusta, o mesmo que Imperatriz inscrita em moedas. É descrita montando a cavalo acompanhando o seu exército. A beber som os seus generais e gostando de caçar. Os seus descendentes foram nobres romanos.
Deixa-me ver se ainda me lembro alguma coisa de Tertuliano.
Quintus Septimius Florens Tertullianus. Este cidadão romano nasceu no norte de África, em Cartago, viveu entre cerca de 160 e 220.
É um apologeta cristão que afirma a filosofia como mãe de todas as heresias.
O tema da heresia é , à época, a principal disputa e preocupação dos diversos grupos de cristãos. Nestes primeiros tempos do cristianismo todos se revêm na figura de Cristo, mas a dispersão dos grupos e os relatos e escritos a que têm acesso são diversos, variados e o corpo teórico e teológico ainda não está naturalmente consolidado. Naturalmente há muitas diferenças, interpretações a acusações mútuas de heresia. Nessa construção doutrinária há “os livros universalmente considerados sagrados, como os evangelhos de Lucas, Mateus, Marcos e João, que são lidos na liturgia; os livros que não reúnem o consenso universal, mas que são lidos , como o apocalípse de Pedro; outros... e finalmente os textos a rejeitar porque são heréticos, como os de Basilides (século II) ou dos marcionistas.” Eco 2010 : 129. De referir que os marcionistas eram também cristãos, e que o próprio Tertuliano que abraçou teses designadas “ montanismo”, tinha esta corrente pontos de contacto com o “marcionismo”.
Estávamos ainda longe do ano de 360 em que se realiza o Sínodo de Laodiceia que no artigo 59 proíbe a leitura de textos não canónicos nas igrejas. A lista dos 27 livros do novo testamento é confirmada no “Sínodo de Hipona (393) e no Sínodo de Cartago (397)” Eco, 2010: 129 . Curiosamente numa das primeiras listas index de livros a não incluir nos canónicos “são também enumeradas as obras de Tertuliano” Eco 2010: 130
Tertuliano é um crítico do Estoicismo, que como sabemos enforma o pensamento do Estado Romano clássico e que segundo Manzanera foi com o estoicismo que “la filosofia se convertió en religión” (Manzanera Salavert 2011: 37)
Há ainda outros aspectos do pensamento de Tertúliano, nomeadamente a questão Mariológica, mas que poderá ficar para outra vez.
Eco, Humberto- Idade Média: Bárbaros, Cristãos e Muçulmanos. Alfragide: D. Quixote. 2010
Manzanera Salavert , Miguel – El Periplo de la Razón: El racionalismo Musulman en la Edad Media. Sevilla: Fénix Editora. 2011.
A presença do vírus SARS-CoV-2 e da doença Covid- 19 obrigou-nos a um período de confinamento e colocou-nos a necessidade de cuidados no relacionamento social. Os cuidados de afastamento deverão manter-se até pelo menos encontrar-se uma vacina que geralmente dura cerca de ano e meio até se tornar aplicável. Até lá temos de manter o afastamento social enquanto haverá necessidade de retomar a actividade económica, o trabalho, e as deslocações inerentes a essas actividades. Os transportes públicos são um risco acrescido e que deverá tanto quanto possível ser evitado. Deve reduzir-se a pressão sobre os transportes públicos. Não é pensável transferir as necessidade de transporte para o veículo privado e muito menos de um só passageiro. O momento é o ideal para mudar o paradigma de mobilidade e optar fortemente por um meio de transporte individual, de mobilidade suave, que não congestiona o trânsito, que se estaciona facilmente e ainda promove a saúde e forma física do cidadão. É obviamente a bicicleta.
A bicicleta já vinha a ser promovida como o transporte do futuro. As cidades tinham iniciado a sua adequação a este modo de transporte seguro, limpo e saudável. É agora, em contexto Covid-19, a oportunidade de reforçar as condições urbanas e interurbanas de promoção desta mobilidade com todas as vantagens que se lhe reconhece.
Nos países nórdicos são de há muito tempo, desde o primeiro choque petrolífero, as medidas de promoção da bicicleta. Com a realidade Covid-19 também países como a Espanha, França e Itália se adaptam.
O mesmo deve acontecer em Portugal com as vantagens económicas, de saúde e de sustentabilidade e planeamento urbano.
A MUBI- associação pela mobilidade urbana em bicicleta, afirma que “ A utilização da bicicleta durante a pandemia permite manter o distanciamento para evitar o risco de contágio e contribui para reduzir a poluição do ar, factor associado a taxas mais elevadas de mortalidade por COVID-19. Ajuda, ainda, a descongestionar os transportes públicos, deixando-os mais livres para quem efectivamente precisa deles. A utilização da bicicleta e o caminhar proporcionam actividade física, contribuem para o reforço do sistema imunitário e reduzem os risco de várias doenças, como diabetes e obesidade. A OMS recomenda, sempre que possível, o seu uso nas deslocações necessárias durante a pandemia.”
Entre outras medidas poderão e deverão ser criados aquilo que a MUBI designa de corredores de saúde. Ou seja, facho de algumas ruas ao trânsito motorizado ou supressão de vias de trânsito a favor da criação de ciclovias ou alargamento de passeios para maior distanciamento físico. Redução do limite de velocidade em algumas zonas do meio urbano para 30 km/h.
A superação desta dificuldade social, por via da resolução da pandemia, deve constituir oportunidade para mudar de mobilidade para a promoção da bicicleta, da saúde , do ambiente e das cidades mais sustentáveis, humanas e agradáveis.
António Borges Regedor
O liberalismo resulta do crescimento de um novo grupo social. A burguesia capitalista e ilustrada. Burguesia porque efectivamente se trata de gente da cidade ligada ao comércio e indústria, e também ilustrada porque se trata da profissões liberais e funcionários da administração. Burguesia em contraponto aos rentistas agrários da nobreza ou da aristocracia terra-tenente. Para além dos três estados, há agora um novo grupo social que quer ver reflectida na política a sua influência social, a sua importância económica . Quer fazer as leis que os protejam e favoreçam, quer executar as políticas económicas da industria e do comércio.Quer que os deixem produzir, comerciar e enriquecer livremente. Querem ver-se livres das velhas políticas aristocráticas, da nobreza ligada aos privilégios da terra e à subordinação dos camponeses que são a base do seu sustento e riqueza. Querem utilizar os bens livres, o ar e a água e explorar as matérias primas do subsolo. E para fazer tudo isso terão de chegar ao poder. O liberalismo responde ao desenvolvimento industrial, ao livre comércio e ao surgimento de uma novo grupo de interesse social. É uma nova visão do mundo. Constitui-se numa ideologia, ou seja, numa nova percepção do mundo.
Os liberais, não são necessariamente anti-monárquicos. O liberalismo desenvolve-se nas diferentes formas de monarquia. Tanto nas parlamentares como nas absolutas. Dá-se relativamente bem com o parlamentarismo inglês e provoca uma guerra civil em Portugal. É anti-absolutista na filosofia. Esta pretende afirmar que a soberania está no Povo e não no Rei. O Parlamento representa o Povo e daí o Rei ter de se submeter ao Parlamento representante do Povo, ou seja da soberania. É interessante esta "nuance" filosófica na questão da soberania. Daí os conflitos do antigo com o novo Regime na administração do Estado. Daí que Nações diferentes possam criar Estados distintos. É o caso da independência do Brasil liderada por um Liberal e Maçon. Refiro aqui marginalmente a Maçonaria por se tratar do pensamento que dá base teórica para a política que questiona a soberania e que lhe dá expressão nos princípios da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Os liberais, ou burguesia industrial tinha necessidade de explorar as matérias primas muito para além das existentes nos seus territórios metropolitanos. Daí a corrida ás colónias, e aos territórios ainda não claramente reconhecidos por fronteiras nacionais. Verificam-se os episódios das explorações continentais, nomeadamente em África que conhecemos dos exploradores portugueses. Francisco José de Lacerda e Almeida percorreu o Brasil demarcando a fronteira, e tentou igualmente atravessar a África. E os mais conhecidos Hermenegildo Carlos de Brito Capelo e Roberto Ivans na exploração africana conhecida pela travessia de Angola a Moçambique. Acção que cortaria o continente africano a meio colocando-o na influência portuguesa o que contrariava os interesses ingleses cujo interesse ia do Egipto à África do Sul. O tal cruzamento de interesses que culminou no ultimato inglês a Portugal.
É esta questão da delimitação e posse de territórios abastecedores de matérias-primas que leva as potências industriais à conferência de Berlim para dividir as influências. O colonialismo é uma consequência da política da burguesia liberal para dar resposta à industrialização na obtenção das matérias –primas.
Desta questão está arredada a antiga aristocracia que vive das rendas que a terra lhes dá. É um grupo social que vai empobrecendo e perdendo prestígio social comparado com a burguesia ascendente. Quer manter privilégios sociais e políticos e naturalmente opõe-se reagindo à ascensão da burguesia. A maior parte do clero, ele também de alguma forma ligado ás rendas e às formas de exploração social da terra, depende da população ligada à terra o que os leva a ficar do lado da velha aristocracia e reagindo igualmente à mudança social. Contra as ideias liberais, acantonam-se no autoritarismo absolutista do “antigo regime”.
É daí que se percebe o maior ataque que a história regista contra o poder, os privilégios, o património e até algumas formas de existência da igreja que foi feito pelos liberais. Os liberais atacam a igreja naquilo que ela representa no modelo económico da posse da terra, e das rendas. Ou seja, a extinção dos mosteiros e conventos, passando esse património para a posse do Estado. Politicamente os liberais, através da criação da freguesias, assumem a gestão das paróquias onde o clero detinha o controlo do registo dos nascimentos, casamentos e mortes. Ou seja, detinha o controlo da população e o conhecimento dos seu património e consequentemente da sua capacidade fiscal. O liberalismo de uma só assentada elimina o património da igreja e a administração que esta tinha sobre a população.
O Estado Liberal , expressão política da ascensão económica e social da burguesia industrial, tinha necessariamente que destruir o poder dos monárquicos ligados à terra e da igreja que com eles se identificava.
E por aqui se ficavam os liberais. Politicamente constituíam uma nova elite. O poder passava a ser escolhido entre os possuidores de património, os que pagavam acima de um determinado valor de contribuição, e dos instruídos. A democracia não fazia parte da preocupação Liberal. Do voto, e portanto da escolha democrática, ficam excluídos os analfabetos e todos os que não tinham rendimentos consideráveis. Ou seja, a soberania em nome do povo, mas sem o povo.
António Borges Regedor
A UNESCO declarou o dia 5 de Maio, como o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
E bem. Uma das línguas falada em todos os continentes. A mais falada no hemisfério sul. Estando o país de origem da língua no hemisfério norte, este facto é bem significativo da influência das navegações portuguesas, da sua influência comercial, económica, militar, política e social. Muito foi perdido, mas a língua mantém-se.
A língua portuguesa une em todo o mundo, povos e culturas distintas que se exprimem com o mesmo instrumento de comunicação. Calcula-se em 260 Milhões de falantes, constituindo a quarta língua mais falada no mundo.
António Borges Regedor
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