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A inutilidade dos testes massivos
São muitos os comentários favoráveis à execução de testes massivos de covid-19. Compreende-se a pretensão. Há um certo cansaço do confinamento em casa. Uma enorme incerteza por quanto tempo durará esta provação. Nalguns casos será mesmo manifestação de depressão por limitação da liberdade. No entanto, a sensação de segurança dada pelos testes são uma ilusão.
Os testes referem-se a um momento estático. O teste só prova que no momento em que é feito a pessoa pode não apresentar indicadores de doença. Mas nada diz do momento seguinte. Pode no limite sair-se de um local onde se tenha feito o teste e logo a seguir ser contaminado. E o que fazer se logo a seguir ao teste houvesse um espirro, ou outra qualquer forma de transmissão? Fariam novo teste? Isso seria um absurdo, inutilidade e desperdício. Impossível viver nessa situação angustiante. Logo desaconselhável.
Se a pessoa não apresenta qualquer sintoma ou outro indicador, não faz sentido fazer o teste sistemático. O necessário é cada um fazer a sua auto-defesa. Ter afastamento social de 2 metros e cuidados de higiene. Um teste negativo pode ser um risco de excesso de confiança. Dar uma falsa sensação de segurança, o que seria ainda pior.
Os testes sistemáticos podem justificar-se em grupos de risco específico (saúde, defesa, segurança ou protecção civil) não de forma generalizada e sem critério.
António Borges Regedor
Vivemos tempos para os quais não estávamos preparados.
Uma pandemia provocada pelo designado vírus SARS-CoV-2 (COVID-19).
É um agente biológico novo, desconhecido, não se sabendo ainda como se comporta, sabendo já que traiçoeiramente ataca ainda sem manifestar sintomas, e para o qual não existe ainda a arma da vacina.
O combate a este agente biológico só é eficaz se for travado por todo o corpo social. Não é algo que se resolva apenas com medidas hospitalares. Esta luta terá de se constituir em três linhas de defesa.
A primeira linha é a da defesa pessoal. É necessário que cada um fique no seu abrigo. A sua casa onde está mais protegido. Isolamento não significa transpor para sua casa o convívio do café ou do grupo de amigos. É no contacto entre as pessoas que a transmissão se faz. E quantas mais pior. Na sua casa ter comportamentos de defesa pessoal. Lavar frequentemente as mãos. Usar roupa diferente de sair e de estar em casa. Depois de cada saída colocar a roupa da rua para lavar e tomar banho. Este é um procedimento de defesa pessoal. Esta primeira linha da defesa pessoal é também assegurada pelas instituições sociais que cuidam e protegem os cidadãos mais vulneráveis. Os que estão mais debilitados pela doença e os que são cuidados e lares e residências para idosos, e que constituem os cidadãos de maior risco.
A segunda linha é a da defesa no espaço público e do tecido social. A defesa do território. A desinfecção dos espaços públicos tais como ecopontos; ruas pedonais; ou locais de concentração junto de serviços essenciais onde as pessoas ocorrem necessariamente, sejam supermercados, farmácias, bancos, comércios e zonas industriais em funcionamento. Essa linha de defesa que deve ser feita pelas autoridades locais, não pode ser negligenciada. Ela é fundamental para diminuir os riscos de propagação da doença para quem tem de se deslocar aos serviços essenciais. A acção das autarquias locais tem de ser o socorro das instituições que protegem colectivamente cidadãos mais vulneráveis. Quando essa barreira de solidariedade colapsa a rectaguarda deve ser apoiada pelas autoridades locais, não deixando avolumar os danos.
A terceira linha é a última barreira de combate à doença, a que deve ser mais preservada por ser o último reduto de defesa perante a perigo de sucumbir. Aumentar a linha de defesa médica, implica aumentar as duas primeiras linhas de combate. Só assim asseguraremos que no caso de sucumbirmos ao ataque do covid-19 teremos um apoio médico disponível, garantido e preparado para nos socorrer.
António Borges Regedor
Nasci num tempo em que o maior medo de contágio era a tuberculose. A doença tinha muito por onde progredir nos meios tocados pela fome e que viviam nas ilhas insalubres sem luz eléctrica, sem água canalizada, sem quartos de banho e com uma latrina partilhada. Assim vivia nos anos cinquenta a maioria da população portuguesa. Os tuberculosos, e eram tantos, que justificavam a existência de locais só para os atender. Eram isolados em sanatórios localizados em locais ermos no cimo das montanhas ou alguns à beira-mar. Aos segregados em casa eram-lhes separadas as roupas, talheres e louça. Para a matrícula na escola ou para ter emprego era necessária uma prova em como não estava tuberculoso. Apresentei micro-radiografias em todos os anos por altura das matrículas na escola.
O outro grande medo era o de ser espiado, escutado pela PIDE, a polícia política. Tal como agora evitavam-se os ajuntamentos. Medo de sermos ouvidos a dizer alguma coisa que fosse inconveniente, vistos com alguém que desagradava ao regime. Perseguidos pelo medo agia-se de forma conveniente, respondia-se como se esperava. O medo tolhia.
Nos anos sessenta surgiu um novo medo. O da guerra colonial. O regime viu nas suas províncias ultramarinas tornarem-se palcos de guerra. Encenadores ditatoriais fizeram dos portugueses actores em teatros de operações militares. O medo instalou-se com a perspectiva de ter de ir fazer guerra na Índia, Timor, Moçambique, Angola e Guiné, ou reforçar militarmente , Macau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Madeira e Açores.
A contaminação da guerra colonial foi tão grande que a cura começou com um levantamento falhado do Regimento de infantaria nº 5 sediado nas Caldas da Rainha. Fui encontrar estes militares em Junho de 1974 no RI5 das Caldas, onde me deram instrução militar, depois de terem sido libertados pelo 25 Abril de 74. O Golpe militar que acabou com os medos e encorajou à maior revolução económica e social na história de Portugal.
O crescimento económico e desenvolvimento social, cultural, científico foi travado por uma crise de sub-prime que rebentou nos estado unidos da américa e se espalhou fortemente na Europa apanhando Portugal como um dos elos mais fracos. A maior crise económica de que tenho memória na minha vida. Nova crise, novos medos. Estes no que disseram respeito aos rendimentos, à continuidade de qualidade de vida, à insegurança na saúde e velhice. O medo dos jovens não vislumbrarem horizonte de vida, dos adultos a meio da idade verem cair repentinamente o fim do emprego e da esperança de o voltar a ver, o medo dos mais idosos saberem em que condições se abreviaria a sua vida.
Ainda não saídos totalmente da última crise de vida, de emprego, de futuro, eis que mergulhamos noutro medo. O medo da nossa saúde abalar irremediavelmente pela acção de um vírus desconhecido, de rápida progressão epidemiológica, de maior agressividade para com as gerações mais idosas, agravando patologias já existentes, e que faz dos mais resistentes transmissores invisíveis, assintomáticos e involuntários. O medo da contaminação, o medo da transmissão, o medo de não conseguir resistir ao tratamento das doenças associadas, já que para o vírus não há tratamento nem vacina. O medo de a vacina não estar pronta a tempo das novas vagas. O medo do surto de contaminação ser tão grande que não seja comportado pela capacidade instalada do Serviço Nacional de Saúde. O medo dos recursos médicos serem abalados de tal modo que não possam tratar de si nem dos outros. O medo dos comportamentos irracionais que não ajudem à contenção da doença. O medo até de ter medo que as coisas piorem. O medo das repercussões económicas e financeiras futuras.
Mas tal como na guerra o medo é necessário para nos proteger. Esta consciência do medo também nos deve ajudar a proteger.
António Borges Regedor
Tenho referido em vários momentos a existência de várias fake news no espaço de redes sociais. A propósito do COVID 19 circulam comprovadamente falsas as notícias veiculadas num audio alarmista sobre as condições de assistência do Serviço Nacional de Saúde. A foto que circulou de um ajuntamento no Cais do Sodré em Lisboa é falsa. A foto é de uma outra data. A informação de um email do SNS como recurso de informação é falsa. Há mentiras no Whats App que não tem controlo. Até nos jornais se veiculam mentiras apresentadas por indivíduos que estão longe de corresponder ao perfil ético de jornalista. Fazem-no por ideologia, maldade ou ignorância.
Não partilhe informações sem conhecer a fonte. Esta deve ser um organismo oficial, uma fonte de entidade especialista, ou pessoa de confiança.
Não partilhe informações de que não tenha a certeza da veracidade, que não possa verificar por outras fontes, confrontar.
Não partilhe informações sem autor, sem saber onde foram publicadas, qual a data.
António Borges Regedor
Enquanto decorria o Conselho de Estado foi difundida uma mistificação de decreto de Estado de Emergência.
Isto mostra que um sector totalitário, traiçoeiro, tenta cavalgar a critica situação social de combate a uma epidemia para impor soluções autoritárias que doutra forma não seriam aceitáveis pelo Povo Português amante da democracia, dos direitos e liberdade e garantias conferidas pela Constituição que entusiasticamente aplaudiram a Revolução democrática de Abril.
É do consenso da defesa que as medidas devem ser tomadas proporcionalmente ao grau de ameaça. Sabem-no todos os estrategas que a um exagero de resposta nos deixa sem munições para os golpes mais duros.
Face à actual pandemia, o comportamento dos cidadãos no seguimento das orientações da autoridade de saúde tem sido exemplarmente cumprido. Foram passadas as primeiras manifestações de inconsciência dos riscos que se corriam. Mas passado isso, hoje todos seguem as orientações da DGS. Os portugueses tem sido exemplares na sua estratégia de defesa pessoal. Com estóico isolamento. Com compreensão, com actos de solidariedade, com serenidade, resistência e esperança.
As curvas da pandemia em Portugal sugeriam cenários ainda piores, mas o comportamento exemplar do portugueses apresentam realidades melhores, apesar do serviço de saúde ter sido surpreendido, não estar preparado nem equipado. Mas superando-se está a dar resposta pronta, incansável, resistente, competente e admiravelmente bem sucedida, apesar dos profissionais d saúde estarem a exigir de si próprios mais do que a força humana lhes permite.
O agravar da situação pode passar em vários casos e circunstância no agravar das condições de vida dos cidadãos. Por exemplo decretar o estado de calamidade num determinado espaço, por uma necessidade específica, e por tempo indispensável.
A escalada de resposta deve ser proporcional à escalada de ameaça.
O bem a preservar é o Estado de Direito. As liberdades, direitos e garantis dos cidadãos.
Situações de redução destes direitos levam a estados totalitários.
Exige-se consciência de cidadania para não ceder às tentações autoritárias.
António Borges Regedor
Vivemos mais uma época de pandemia. Parece ter começado na China. Um vírus identificado como COVID19. (SARS-CoV-2(COVID-19)
Nos primeiros meses deste ano de 2020 foram atingidos mais intensamente a China, Coreia do Sul, Irão e Itália. A Itália tem sido o maior foco de infecção na Europa, esta é agora um dos principais focos no mundo. Até Março 2020, Portugal tinha-se mantido afastado da pandemia. A partir deste mês Portugal tem tido uma progressão infecciosa na mesma linha da Europa. São já milhares de infectados na Europa e mais grave a morte de mais de uma centena de pessoas num só dia em Itália. Portugal, tem o seu primeiro falecimento hoje dia 16 de Março 2020, ao 14º dia de registo do vírus no país. Um cidadão com mais de 80 anos e outras patologias. É este o perfil dos mais vulneráveis a este vírus. São neste dia 331 infectados, dos quais 139 internados e 3 recuperados. Os números contrastam significativamente com os italianos, por exemplo, só num dia 345 mortos.
Portugal tem dois meses de atraso na evolução da infecção, mas apresenta a mesma linha de evolução. Está no comportamento cívico dos portugueses reduzir tanto quanto possível a curva ascendente que inevitavelmente acontecerá. Aprendendo com os outros e tomar medidas preventivas, essencialmente de isolamento social e cuidados de higiene.
Não havendo conhecimento científico nem meios para tratar este vírus, podemos agir para reduzir os seus efeitos. É isso que temos que tentar.
Para já estamos em condições de ter alguns ensinamentos políticos.
Os que gritaram por menos Estado, querem agora mais Estado, mais recursos, mais funcionários públicos (médicos, enfermeiros, polícias, militares)
Querem agora mais recursos na saúde, mais equipamento na saúde, mais hospitais.
Os que quiseram privatizar hospitais, querem-nos agora públicos.
Os que criminosamente quiseram acabar com o Laboratório Militar, querem agora que este forneça tudo que está em falta.
Os que se opuseram ao Serviço Militar Obrigatório (SMO) como parte da participação cívica, e que frequentemente se opõe à existência de forças armadas, agora reclamam pela presença dos militares em todas as áreas, desde a cedência dos hospitais à ordem pública.
Os que se opuseram ao Serviço Nacional de Saúde , agora tudo exigem dele.
Felizmente a maioria dos Portugueses entendem ser necessário um Estado interveniente, o Serviço Nacional de Saúde, os serviços públicos com recursos, equipamentos, competências, as Forças Armadas, os Hospitais Militares e Laboratórios.
Que esses tais não ousem voltar a menosprezar o Estado Social, forte, actuante, competente.
António Regedor
A Era da informação naturalmente criou os seus contrários. A desinformação, e o fenómeno largamente conhecido por “fake news”.
Nada de novo. Desde Heraclito, o pai da dialéctica. (Cerca de 500 a.C. - 450 a.C.) que sabemos que a realidade não é mais que a alternância entre contrários.
Platão afirmava o dualismo ontológico, sendo que um deles era ilusão. Não correspondia á verdade.
Até a lógica aristotélica se apoiava em silogismos que podendo estar formalmente correctos podiam igualmente desviar-se da realidade.
O cristianismo medieval acentuou o maniqueismo. E no campo da ciência o conhecimento afirmava-se em disputas teóricas.
Mais modernamente Hegel enunciava a dialéctica para a compreensão do decurso e avanço histórico. Marx apoia-se nesses enunciados para os apresentar de forma positiva como processo civilizacional.
Mas se até aqui as várias interpretações dos contrários constantes da realidade eram tidos como aspectos positivos, eis que chegamos à era da informação em que é propositadamente que se recusa a verdade, se constrói uma pós-verdade e se propaga a falsidade intencionalmente. Eis as fake news e os seus sucedâneos ainda mais nefastos.
Uma nova realidade que preocupa a comunidade científica e que se constitui como objecto de estudo.
Os profissionais da informação têm este novo fenómeno em especial atenção.
A licenciatura em Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação (CTDI) e, no âmbito do Centro de Estudos Organizacionais e Sociais do Politécnico do Porto (CEOS.PP), organiza um Encontro subordinado ao tema “A desinformação na era da informação: Novos Desafios para a Gestão da Informação”.
São vários temas em estudo:
a desinformação e o papel do profissional da informação;
as causas da desinformação nas organizações;
a sobrecarga informacional;
os efeitos da desinformação;
as formas de combater a desinformação; a informação enquanto recurso;
boas práticas no uso da informação e das tecnologias no combate à desinformação;
a inclusão digital;
a literacia e outras de interesse.
A iniciativa está marcada para o dia 23 de Abril de 2020 e realiza-se no ISCAP do Instituto Politécnico do Porto.
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