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Fui alertado por vários bibliotecários de que a ASAE teria ido à biblioteca dos Olivais apreender um livro. Não conheço o livro, mas fui ver o que constava no catálogo da referida biblioteca e comparei com o catálogo da Biblioteca Nacional e PORBASE (base nacional de dados bibliográficos).
O livro é de Brick Duna (pseudónimo de autor desconhecido e provavelmente português), com tradução de Maria Barbosa. Tem o título de as gémeas marotas. É uma má edição que não apresenta nome e local de edição, mas isto é uma apreciação de qualidade editorial em que normalmente apenas os profissionais de informação reparam.
Pelo que também li, as criticas devem-se a ser um livro de conteúdo erótico e um título que pode induzir em erro o público a que se destina. Coisa que os profissionais de informação sabem bem distinguir e que na biblioteca se resolve da melhor forma através da adequada classificação.
O Livro existe pela Lei do Depósito Legal na Biblioteca Nacional de Lisboa e concomitantemente também por Lei nas restantes bibliotecas beneficiárias dos efeitos da mesma Lei.
A ser erótico como é referido numa publicação que li, o livro está correctamente classificado na Biblioteca Nacional, também o está na Porbase e a mesma correcção se verifica no catálogo da Bedeteca-Bibliotecas dos Olivais. A classificação decimal universal, instrumento internacional de referência, indica literatura pornográfica a notação: 82-933
As bibliotecas são repositório da produção bibliográfica que se rege pela pluralidade. Não admite censura de qualquer espécie. Nem de filosofia, nem de ideologia, nem de género nem de etnia, nem estética nem de religião.
Os profissionais de informação classificam os documentos de biblioteca com ética. As bibliotecas têm espaços diferenciados e boas regras de conduta. Educam para a responsabilidade pessoal, cívica e cidadã.
Não é admissível a apreensão de um documento que faz parte da colecção de uma biblioteca.
Não é admissível uma polícia de costumes como a ASAE se assumiu.
Há que exigir a devolução do livro ao seu legítimo proprietário.
(posteriormente referirei a questão do litígio que deu origem à acção do MP e ainda a questão do Lei do Depósito Legal)
Linha do Vouga. * Também conhecida pelo Vouguinha. O cais está cheio e ainda há pessoas que se abrigam do sol na pouca sombra do edifício arruinado daquilo que em tempos foi a estação.
Na ausência de bilheteira, o revisor, ainda antes do comboio chegar inicia no cais a venda dos bilhetes.
Em dias de previsão de grande afluência de passageiros, como é o período estival, o comboio é composto por dupla composição. Só não transporta passageiros na última carruagem por não haver plataforma suficiente nos apeadeiros. O comboio vai cheio e estamos a meio do dia.
No Concelho de Espinho tem paragem em Silvalde e no Monte de Paramos. E segue para Oleiros, Paços de Brandão, Rio Meão, S. João de Ver, Vila da Feira, S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis. Este percurso dentro da Área Metropolitana do Porto tem enorme potencial. Uma região que também é mal servida de transporte rodoviário de passageiros, e que obriga ao uso intensivo de automóvel. Existe o canal, há necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono e promover o transporte público. Também a linha teria de ser electrificada e reforçados os meios de segurança nas passagens de nível. O mais importante para garantir o melhor impacto e desempenho seria alterar algum ponto do canal. Seria fundamental passar pelo centro e por vários equipamentos como o hospital, tribunal e outros serviços públicos em Santa Maria da Feira. E o melhor para formular estas condições fundamentais para a sua viabilidade económica, seria o formato de metro de superfície. O percurso que hoje é feito em uma hora, no formato metro e com boa infraestrutura, poderia reduzir esse tempo de deslocação.
Só a requalificação da via não garante o melhor desempenho, que é o da proximidade com as novas zonas urbanas. As Terras de Santa Maria precisam deste transporte público, colectivo e ambientalmente preferível .
*(Experiência de uma agradável viagem neste comboio)
António Borges Regedor
Durante o tempo em que estive em Salamanca, também o café Novelty me fascinava. Pelo agradável que é. Pela história que comporta, Pelas figuras que por lá passaram, e cujos espíritos parece ainda hoje aí permanecerem. Café centenário e o mais antigo de Salamanca. Situado na Plaza Mayor, por onde todos os dias passava, também por ser o caminho mais curto da minha casa à Faculdade.
Pelo Novelty passaram muitos intelectuais, escritores, artistas, políticos. O Novelty era o centro das tertúlias de Salamanca. O Reitor da Universidade, Miguel de Unamuno, gostava de o frequentar, mas um dos mais assíduos era Gonzalo Torrente Ballester. Nascido em Ferrol em 1910, foi em Salamanca que faleceu depois de deambular por Oviedo, Compostela, Madrid, Pontevedra e Estados Unidos. Foi em 1975 que regressou a Salamanca.
Lembrei-me disto, por ter lido agora “Doménica” que foi publicado postumamente em 1999, o ano da sua morte.
Na foto: sentado no café Novelty ao lado da estátua de Ballester
António Borges Regedor
O Bibliotecário, é o primeiro romance de A. M. Dean um professor de culturas antigas. O romance parte da antiga biblioteca de Alexandria que pretende não ter sido destruída, mas escondida. Que terá sido preservada e alimentada durante o tempo, por bibliotecários que mesmo sem se conhecerem trabalharam em rede para a perpetuação dessa grande biblioteca repositório do conhecimento humano. A procura do lugar onde se encontra esse legado de conhecimento acumulado não nos leva a espaço físico, nem mesmo à tentativa de a retomar com a nova biblioteca de Alexandria. A primordial não se encontra em espaço físico, foi digitalizada. Ela está por todos os lados, em rede, acessível de qualquer computador. No romance, duas grandes forças mundiais e antagónicas conspiram entre si para dominar a informação. E o domínio da rede é o domínio global. O romance é, no essencial, uma alegoria à grande biblioteca da actualidade que é a internet.
Dean, A. M. – O Bibliotecário. Lisboa: Clube do Autor, 2012.
António Borges Regedor
Se a língua é viva e se vai modificando, a escrita vive em anarquia. Cada um escreve como lhe apraz. Uns por saber escrevem de uma forma, outros de forma diferente por não saber. Há até os que sabendo fazem as suas abreviaturas para escrever mais depressa e outros por comunicação tecnológica rápida, abreviam ainda mais. Não deixa no entanto de haver uma forma oficial da escrita da língua. Normalmente essa forma oficial serve para normalizar. Ou talvez não, quando a norma não se apresenta de forma aceitável, convincente, razoável, evidente. E aquilo que devia uniformizar, diversifica. Desde 1990 que um acordo ortográfico provoca o desacordo na escrita da língua. Passou a haver o que se diz ser a escrita de acordo com o acordo, e a escrita que não segue o acordo. Já são duas escritas. E isso é problema? Não, nem nunca o foi.
Em 1911, houve uma reforma ortográfica. Os Brasileiros tinham feito uma reforma ortográfica em 1907 e vieram a fazer um formulário ortográfico em 1943. Eu nasci já depois de 1945, data de um acordo ortográfico assinado com o Brasil. E no entanto bem gostava de ver a letra bonita, corpo redondo ou esguio, ascendentes a traçar laços como bordados, de bengalas a desenhar ganchos perfeitos, ou a terminar com orelhas ou esporas de toque feminino que só a mão firme, determinada, segura como era o seu perfil psicológico fazia corresponder ao modo e ao que a minha avó escrevia. Ella que escrevia de acordo com a ortographia anterior a 1911. E ela continuava a escrever El. E quando se queria referir a outra pessoa escrevia elle, com dois eles claro. A minha avó nasceu ainda no século XIX. A ortographia della compreendia o comprar phosphoros, ir à Pharmacia e ficar exhausta. Prohibia as minhas asneiras, mas deixava collocar os brinquedos pela casa.. E muitas outras formas de escrever aqueles signos que eu já tinha aprendido diferente. Que saudade tenho de a ver escrever e de ler o que ela escrevia.
António Borges Regedor
O falar de imprensa atira-nos para Gutemberg. No entanto a imprensa é muito anterior à inovação do impressor alemão de 1400.
Imprimir é essencialmente o transferir imagem de uma superfície a outra de forma repetida.
Os Sumérios ( Há 5 500 anos , no actual sul do Iraque, onde o Tigre e Eufrates quase se juntam e que vai até ao Golfo Pérsico) já usavam cilindros gravados em negativo do texto a imprimir. Os Chineses imprimiam cartas de jogar. Na Idade Média placas de madeira ou pedra gravada eram as matrizes de impressão. Daí os termos respectivos de xilogravura e litogravura.
A inovação de Gutemberg, no século XV, foi a de utilizar caracteres móveis , resolvendo o inconveniente das matrizes anteriores serem peça única, e agora com a inovação poder refazer-se o texto com os mesmos caracteres.
Em vez de se gravar o texto numa placa, o texto era agora composto numa caixa que correspondia à mancha gráfica. Podia ser copiado inúmeras vezes, e os mesmos tipos podiam posteriormente compor outro texto diferente.
A revolução industrial proporcionou um forte desenvolvimento técnico no processo de impressão. No início do século XIX, graças a Friedrich Koenig desenvolveu-se a impressão cilíndrica. A mecanização foi um enorme passo no processo de impressão. E esta desenvolveu-se aproveitando as várias fontes de energia.
Os Jornais tornaram-se cada vez mais fáceis de produzir. O mesmo com os livros. Cresceu a indústria editorial até os transformar os livros de de produto literário a mercadoria cada vez mais perecível.
O mundo digital dispensa em grande parte a impressão. O texto já não tem necessidade de ser registado em suporte físico. A impressão está em extinção.
António Borges Regedor
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