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Na foto, ente a barra do Douro e o paredão sul do porto de Leixões, é visível a localização do molhe de carreiros e é de notar a importância que deve ter tido no apoio ao porto do Douro quando ainda não existia Leixões.
O Molhe de Carreiros
Muitas tardes de sol me levaram à praia do Molhe. Durante algum tempo tinha o hábito de aí ver o por do sol. E no entanto nunca se me tinha colocado a questão da sua existência, a razão da sua construção, a servidão que teria. Ele aí estava e isso bastava. Sem mais. Tudo o resto era o horizonte, o mar, a praia, o barulho das ondas, os cheiros, o iodo, o spray das gutícolas projectadas pelo embate das ondas nas rochas, o por do sol.
E tudo era assim, sem questão, até que um dia, o desassossego de um livro me chaga à mão.
Henrique Vieira de Oliveira em “ Achegas para a História do Porto de Carreiros” dá nota da existência de um “enfiamento” (1) na praia de Carreiros, hoje conhecida como Molhe, situada na Av. Brasil, freguesia de Nevogilde, Foz do Douro, Porto. Esse enfiamento é constituído por dois obliscos. Um em terra no seguimento da terceira coluna da pérgula. O outro nas rochas da praia que ainda se observará.
São o enfiamento do Porto de Carreiros. É constituído pelo Molhe que consiste em ser um quebra-mar para permitir um pequeno abrigo para quando os barcos não podiam entrar a barra do Douro e aí descarregavam pessoas, mercadorias e correio através de “catraias” pequenos barcos a remos.
A Rua de Carreiros corria paralela ao mar, em frente à actual Rua do Molhe, e onde hoje se situa a Avenida Brasil. Na Rua circulava o “Americano” veículo em trilhos e puxado por muares. Ligava o “Infante”, no Porto, a Leça da Palmeira.
No local há uns afloramentos de rochas que formavam um carreiro ou caneiro, relativamente abrigado da ondulação e que servia a pesca artesanal.
O molhe está assente nessas formações geológicas muito antigas. Tem 165 metros de comprimento. Composto por uma parte baixa, mais perto da praia, e alinhada pelo azimute 42º e o da parte alta pelo azimute 25º.
Segundo o Ingenium – Boletim da Ordem dos Engenheiros de Jan 1987 a construção teve início em 1884 e foi concluída a 1 º fase em 1892. No entanto o piloto-mor da barra do rio Douro, José Fernandes Tato, aponta para o início da obras em 1825, concluída a 1 fase em 1862 e prolongado em 1886 (Oliveira: 1989. pag 30). Conjugando esta discrepância com a informação de Adolpho Loureiro publicado na Imprensa Nacional em 1904, pag 355, que refere um 4º período de 1869 a 1882 se retoma e conclui o Molhe de Carreiros. (Oliveira: 1989. pag 30). Para logo na página seguinte falar do prolongamento de 1881 a 1885 (Oliveira: 1989. pag 31). A colocação da puzzolana só terá sido concretizada em Abril de 1882 e em 1884 assente o gradeamento (Oliveira: 1989. pag 31).
O mais certo é que tenha havido várias fases com interrupção de trabalhos e que motive a discrepância e o termino se refira em momentos diferentes a trabalhos diferentes na obra.
Hoje aí está o molhe da Carreiros, sem a sua função inicial, na praia do molhe que poucos se lembram que o local se chama carreiros.
Nota:
(1) Enfiamento é um termo de náutica que significa uma linha de posição de dois ou mais pontos fixos (pontos conspícuos). Definem a proa da embarcação em relação a esses pontos, permitindo manter um azimute constante à linha traçada por esse enfiamento. Geralmente estão colocados num canal, à entrada dos postos e abrigos.
Podem ser em terra ou no mar. Luminosos ou não. E colocados no mesmo plano vertical. No caso de serem três pontos o enfiamento constitui uma linha de grande rigor. Podem ser observados à vista ou com auxílio de objectos ópticos.
BIBLIOGRAFIA
Oliveira, Henrique Vieira de – Achegas para a História do Porto de Carreiros. Porto: [O Progresso da Foz], 1989. Notas: Tenho dúvida da editora. Não possui D-L. nem ISBN. Tem patrocínio da RAR e Colaboração da Junta de Freguesia de Nevogilde. Associação de Cultura e Turismo da Foz, e O Progresso da Foz. Impresso em Lello & Irmão – Porto. Não tem bibliografia, nem índices. Tem uma lista de imagens incompleta. A numeração das fotos não está em legenda das mesmas o que dificulta a identificação.
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António Borges Regedor
Grato à Manuela Moreira que, do Arquivo Fotográfico de Paranhos, postou esta fotografia do Carvalhido. Na toponímia o Carvalhido é a Praça do Exército Libertador, em memória de ter sido percorrida pelas tropas liberais de D. Pedro, desembarcadas na Praia da Memória. Neste lugar de Matosinhos um oblisco marca o ponto de desembarque.
Não conheço o arquivo fotográfico de Paranhos, mas pelo que vejo dos post de Manuela Moreira deve ser muito interessante, como é muito importante o trabalho que produz.
Mas conheço bem o Carvalhido actual. Não o retratado na foto, que nessa altura ainda não era nascido. Eu diria que mudou, mas os traços estruturais permanecem. Já não existe o quiosque nem o fontanário. Mas mantém a forma triangular. Ouso mesmo reconhecer a permanência de algumas fachadas e até do formato das portas. O da mercearia (primeira do lado da esquerda da foto logo a seguir ao toldo) é evidente, pelo menos até há pouco tempo.
António Regedor
Entre o Sono e Sonho
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Podes e deves participar
Uma medida de orçamento participativo onde os cidadãos devem participar
https://opp.gov.pt/proj/79?vote=79&votetype=bi&page=None&ordering=random_order
(Por favor, indica aqui que participaste)
As bibliotecas são portas de acesso à informação, ao conhecimento, à cultura e ao lazer, constituindo-se como espaços privilegiados na aprendizagem ao longo da vida e no exercício de uma cidadania ativa. As bibliotecas dão um importante contributo para o desenvolvimento holístico de todos os indivíduos e grupos sociais, para eliminar assimetrias e para o desenvolvimento das comunidades.
Sob o lema “Em rede nunca lemos sós”, as 17 bibliotecas municipais e de instituições de ensino superior da região das Beiras e Serra da Estrela pretendem trabalhar em rede e de forma colaborativa, alargando os seus serviços aos cerca de 236.000 habitantes deste território com mais de 6.300 km2, apostando igualmente no alargamento da sua área de ação através da constituição de parcerias com entidades locais.
As linhas de ação deste projeto são a prestação de serviços às populações, o desenvolvimento das coleções das bibliotecas, e a oferta de serviços culturais.
Medida 1: desenvolvimento de ações de promoção das literacias (ações de formação dirigidas a diferentes públicos, disponibilização de serviços itinerantes, etc.).
Medida 2: adaptação das coleções das bibliotecas e dos serviços prestados às necessidades de acesso à informação dos seus públicos (disponibilização de livros e conteúdos digitais, computadores, tablets e pens Wifi).
Medida 3: oferta de atividades culturais e de lazer na área da leitura e das literacias, adaptados às necessidades dos utilizadores (ateliers, peças de teatro, leituras dramatizadas, etc.).
Estamos no centenário da morte de Eusebi Güel. O nome traz á memória o Parque Güel em Barcelona. Sim é esse mesmo. O Catalão industrial e político, Também escritor, pintor, químico e biólogo. Um homem da indústria das ciências e das artes.
Filho de Joan Güel i Ferrer que enriqueceu em Cuba, e de Francisca Bacigalupi oriunda de uma família de comerciantes genoveses que em Barcelona investiram em textil e sócios de Güel pai.
Por sua vez a esposa de Eusebi Güel era proprietária no Banco Hispano-Colonial, Compañía de Tabacos de Filipinas, Compañía de los Caminos de Hierro del Norte de España, entre outras.
A intervenção política de Eusebi Güel foi essencialmente cultural. Foi amigo íntimo e mecenns de Antoni Gaudí. Este construiu o Parque Güel onde o seu proprietário viria a morrer.
O Parque Güel é um grande parque urbano que foi concebido como urbanização, mas que o fracasso comercial levou a ser vendido à autarquia. Em 1984 foi classificado pela Unesco, Património da Humanidade.
https://www.youtube.com/watch?v=_6mNuJZZZvY&feature=youtu.be
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Habitualmente surge mais reflexão sobre as bibliotecas públicas que sobre as académicas. Profissionalmente não é frequente a transição de um sector para outro. São poucos os casos que por essa razão têm a oportunidade de confrontar uma e outra situação. Gaspar Matos é um deles. Por isso o inquirimos.
Porque raio te decidiste a fazer formação para trabalhar em bibliotecas?
A minha decisão de fazer formação em bibliotecas teve a ver com dois aspetos:
- não queria continuar a trabalhar na banca (fui funcionário bancário durante 7 anos);
- queria trabalhar na área cultural.
Aliada a estes dois aspetos, pretendia ainda ir para um trabalho em que não tivesse de vender nada a ninguém, que se pautasse por objetivos que não fossem comerciais. Como gostava - e gosto - de ler desde criança (visão que mais tarde percebi ser redutora, face à diversidade de serviços que a biblioteca presta), uma casa cheia de livros pareceu-me um bom caminho. Sendo já licenciado, e como via a entrada direta para técnico superior na Administração Pública como difícil, frequentei o curso de técnicos BAD da APBAD e rapidamente encontrei trabalho como técnico profissional, nas Bibliotecas Municipais de Oeiras (BMO’s).
Quando todos pensavam em bibliotecas públicas foste fazer estágio em biblioteca especializada, que vantagem vês nisso?
A formação que tirei na BAD era eminentemente virada para a biblioteca pública, penso que por percecionarem que seriam ainda os municípios os que mais contratavam (isto em 2004/2005). E eram. No entanto, preferi fazer o estágio BAD numa biblioteca de ensino superior precisamente porque achei que deveria colmatar essa lacuna da minha formação inicial, e isso poderia fazê-lo com uma experiência de trabalho. Na altura a Biblioteca da Universidade Fernando Pessoa/Porto acolheu-me, e foi precisamente isso que aconteceu: passei a poder somar, à visão e conhecimento que tinha das bibliotecas públicas, uma pequena perceção das bibliotecas académicas.
Mas acabaste por andar algum tempo em bibliotecas públicas, que balanço fazes?
Andei 10 anos (2005-2015), e o balanço que faço é francamente positivo: tive a sorte de começar pelas BMO’s, onde me foram dadas todas as condições para um bom desenvolvimento profissional; acresce que a qualidade dos recursos humanos era muito boa e com competências bastante diversificadas, o que nos potenciava a todos. Foi uma altura em que ampliei muito o que sabia sobre bibliotecas, e fi-lo num serviço de referência nacional. Recordo-me de ir ao congresso da BAD nos Açores, em 2007, e de as BMO’s terem sete ou oito apresentações submetidas, e de irmos um grupo de seis ou sete profissionais, todos a expensas da Câmara de Oeiras. Existia um grande dinamismo, e isso foi muito bom para o meu percurso enquanto bibliotecário. Já em Sines (2009-2015) tive um conjunto de experiências bastante diferentes, na medida em que a biblioteca tinha uma dimensão bastante menor e estava inserida num equipamento (Centro de Artes de Sines) em que todas as valências acabavam por ter de trabalhar colaborativamente (Biblioteca e Serviço Educativo do Centro, por exemplo), o que era algo a que não estava habituado. A Biblioteca tinha de criar a sua identidade inserida numa outra, maior, que era a do Centro de Artes. Não foi fácil - foi até um pouco estranho -, mas tudo acabou por fazer sentido em fusão: o livro pode dar o mote para o espetáculo de dança (existe um serviço de aulas de dança), a exposição (existe uma galeria) pode ser associada à palavra, a palavra à música (existe um auditório), enfim… a Biblioteca de Sines foi um desafio com uma tremendo e que, com o passar dos anos, penso ter sido bem-sucedido. Fico muito feliz por saber que ainda hoje há dinâmicas iniciadas na altura em que lá estive e que se mantêm, nomeadamente a manutenção de alguns projetos e uma programação coerente com o serviço de biblioteca pública. Gostava que alguns projetos de intervenção no espaço público de promoção de literatura, leitura e narração oral se tivessem mantido, mas talvez sejam apenas alguns interregnos: a título de exemplo falo do colar poemas em vinil nas montras de estabelecimentos comerciais da cidade, por ocasião do Dia Mundial da Mulher (existiam já lojas que não os tiravam da montra, de ano para ano, e tinham já coleções de poemas); e outro exemplo seria o Conto de Tantos Mundos, que aliava a palavra dita/narração oral ao Festival Músicas do Mundo. Espero que um dia voltem.
Mas, em suma, faço um balanço muito positivo: tudo isto me ajudou a crescer, e não só a nível profissional e como bibliotecário (acresce que, em Sines, ao fim de menos de dois anos passei a ter responsabilidades acrescidas noutras áreas de atuação, o que só me fez bem). Tem sido um percurso que me tem dado muito gozo.
Qual o caminho que apontas para este subsistema de bibliotecas? Como achas que podem conquistar o público adulto?
O caminho das bibliotecas públicas será aquele que o público definir em função das suas necessidades, e para tal é necessário auscultá-lo. Não há receitas mágicas nem procedimentos estandardizados, já que cada comunidade tem as suas particularidades, e isso vê-se bem no contraste entre, por exemplo, a biblioteca pequena do interior versus a biblioteca de média/grande dimensão do litoral: se a primeira acaba muitas vezes por ser um dos - ou o único - equipamento cultural da localidade, é óbvio que a sua função terá de ser bastante mais polivalente; já quanto à segunda, se muitas vezes cumprem uma função de estudo (não raras vezes vamos às Bibliotecas Municipais de Oeiras, de Lisboa, de Cascais, de Loures, e estão cheias de alunos do ensino secundário e superior), pelo que o seu desígnio principal parece estar destinado ao apoio a esses públicos (que são o grosso dos utilizadores, pelo menos presenciais), não se pode descurar os restantes, principalmente com a urgência que existe em dar apoio a uma população envelhecida e cada vez mais só e outra, muito jovem e deixada aos cuidados de terceiros devido às longas jornadas laborais dos pais.
O caminho é estar atento, oferecer serviços diferenciados, procurar auscultar a população (utilizadora e não-utilizadora) e perceber que há uma série de segmentos com necessidades a colmatar (e aqui tomo o exemplo da biblioteca urbana, da grande área metropolitana):
- o aluno do ensino secundário e superior, que solicita silêncio e de uma coleção enriquecida na sua área de estudo;
- a criança, que necessita de estímulo variados (não só para a leitura mas outros, sensoriais) e que por conseguinte precisa de um espaço de liberdade e aprendizagem informal e lúdica;
- o idoso, que precisa de uma área de leitura informal e de iniciativas que combatam o isolamento e promovam o contacto humano (se possível intergeracional, com as crianças);
- a população adulta em idade ativa, que precisa de um espaço de informação, debate, esclarecimento, cidadania, lazer, aprendizagem ao longo da vida e, acima de tudo, um espaço de afetos, de troca, de partilha, que deixou há muito de existir nas cidades;
Em suma a biblioteca, desde que se democratizou, tem uma missão imensa: ser tudo para todos, daí muitas vezes esta sensação de deriva que à mesma é colada, mas parece-me ser uma falsa sensação: as bibliotecas, de um modo geral e de há uns anos para cá, são equipamentos cada vez mais dinâmicos, plurais e multifacetados. A questão é que muitas vezes aferimos o seu impacto por aspetos mensuráveis tradicionais (número de empréstimos, por exemplo), e não por aquilo que realmente interessa, que é o valor real, o que realmente importa, o que faz a diferença: a biblioteca atenua a solidão de um idoso? Ajuda um jovem a ter melhor desempenho escolar? Permite ao adulto manter-se informado e ativo socialmente? Proporciona o desenvolvimento intelectual e sensorial da criança? Se sim, então, cumpre a sua missão, e isto não se mede com número de empréstimos.
Há apenas um aspeto que gostaria de mencionar, e pelo qual me tenho batido nos últimos tempos (e aproveito este desafio para advogar mais por essa causa). Nesta ânsia de tudo fecundar (como diria o José Mário Branco), arriscamo-nos de facto a copular tudo (isto para não usar o calão mas imaginem-no, que assim a imagem fica perfeita). Explico: há coisas que caracterizam a biblioteca, e o silêncio é uma delas: o silêncio necessário ao trabalho intelectual, o silêncio que muitos necessitam para usufruir de leitura lúdica, o silêncio que muitos exigem para ler convenientemente um jornal, o silêncio necessário à concentração. Não fazendo apologia de uma biblioteca em que o silêncio é sagrado em todo o seu espaço (até porque tal é impossível, face à necessidade de múltiplas atividades para múltiplos públicos, como elenquei acima), faço uma defesa acérrima da salvaguarda de um espaço de silêncio total, dentro da biblioteca. E faço-o porque essa é uma característica absolutamente distintiva destes equipamentos e porque, se pensarmos bem, não há outros na sociedade que o tenham, com exceção dos espaços religiosos. Acresce que a procura por locais de silêncio, numa sociedade tão exacerbadamente dada a estímulos visuais e auditivos, será num futuro não muito distante cada vez mais premente. A preocupação com esta defesa surge porque vejo cada vez mais um discurso exacerbado de que a biblioteca não é um espaço de silêncio, algo com que não concordo de todo. Prefiro afirmar que a biblioteca é também um espaço de silêncio sob pena de, para contentarmos uns e os nossos próprios paradigmas, expulsarmos outros da equação. A esse propósito conto uma história: há uns dias, a propósito de uma imagem no Facebook que rezava assim “Biblioteca não é lugar de silêncio, é lugar de encontro e participação”, uma colega afirmava: “Eu concordo, mas diz isso aos leitores.” Curioso, não é? De que nos adianta concordarmos ou acreditarmos em determinado axioma, se os leitores manifestam outra necessidade?
Finalmente qual a diferença e desafio de trabalhar em biblioteca académica?
A grande diferença é termos tudo muito definido a priori: a biblioteca académica tem os seus utilizadores bem identificados e a sua área de atuação bem delineada. O que conta, na biblioteca académica, é ajudar à aquisição de conhecimentos e à produção intelectual e científica. Se na biblioteca pública temos de ter (e ser) tudo para todos, na académica o todo é só para alguns, que têm exigências muito particulares.
Uma biblioteca académica funciona, acima de tudo, na base da intermediação de informação, daí que o enfoque seja na formação de utilizadores e no atendimento. Para que se tenha uma noção não será excessivo afirmar que, num ano, a biblioteca da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação dá formação a mais de 500 pessoas (e isto considerando que o universo da comunidade é de pouco mais de 2000 indivíduos). Há igualmente espaço para a iniciativa cultural e para que a biblioteca seja um espaço onde dotes como a oralidade, o confronto de ideias e a retórica podem ser exercitados, e esse é um caminho que temos vindo a trilhar, nomeadamente com um grupo de leitores que alia alunos, docentes, não docentes e investigadores e bolseiros e um evento anual a que damos o nome de Capacitar, em que temas pré-definidos são discutidos por especialistas e posteriormente são debatidos por todos sem qualquer obrigatoriedade académica.
Gaspar Matos é bibliotecário desde 2005, altura em que passa a integrar o quadro das Bibliotecas Municipais de Oeiras, até 2009. Nesse ano assume a direção da Biblioteca Municipal de Sines e, em 2011, a chefia da Unidade de Cultura da Câmara Municipal de Sines. Em 2016 passa a integrar a equipa da biblioteca da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, onde é responsável pelas áreas de atendimento, formação e comunicação. Detém o Curso de Técnicos Profissionais de Biblioteca, é licenciado em Marketing, Pós-Graduado em Ciências da Documentação e Informação e tem frequência do Mestrado na mesma área. É membro ativo do Grupo de Trabalho para as Bibliotecas Públicas, formador na Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (em promoção da leitura e grupos de leitores) e no Centro Pedagógico do Jardim Zoológico de Lisboa (Storytelling: estratégias de comunicação na educação ambiental), e dinamizador de comunidades de leitores.
Faleceu hoje, dia 6 de Junho, Albano Martins
Nasceu em 1930, Licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi professor do Ensino Secundário, trabalhou na Inspecção-Geral de Ensino e foi professor na Universidade Fernando Pessoa. É autor de cerca de trinta títulos de poesia, tradutor de poesia clássica, italiana e de Pablo Neruda. Organizou, para a Imprensa Nacional-Casa da Moeda (Lisboa, 1987), uma Antologia do poeta simbolista português Eugénio de Castro. Está representado em diveras antologias. Colaborou em prosa e verso em diversos jornais e revistas, quer nacionais , quer estrangeiras.
Foi membro da Associação Portuguesa de Escritores, do P.E.N. Clube Português, da Associação Portuguesa de Tradutores, da Associação Galega da Língua (AGAL) e Membro Honorário da Academia Cabofriense de Letras (Estado do Rio de Janeiro).
Integrou a Comissão Instaladora do Museu Nacional de Literatura, no Porto e foi membro da direcção da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
Tem os prémios de Tradução instituído pela Sociedade de Língua Portuguesa; o "Prémio Eça de Queirós" de Poesia, da Câmara Municipal de Lisboa e a medalha Oskar Nobiling, de mérito cultural da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura, do Rio de Janeiro
O nível de desenvolvimento, de informação e de liberdade de expressão, não se pode aferir apenas pela situação das bibliotecas. Mas este indicador, é já por si significativo. Basta termos memória da ditadura portuguesa que anulou as bibliotecas, e que durante a ditadura foi uma iniciativa privada, a Fundação Calouste Gulbenkian, que fez a promoção do livro, da leitura e do conhecimento através de bibliotecas itinerantes.
O jornal turco, Daily Sabah, de Istambul, publicado a 29 de Set 2017, dá conta da situação das bibliotecas na Turquia.
Há apenas uma biblioteca pública por 70 mil pessoas na Turquia, de acordo com um relatório recente publicado pela Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA). Na União europeia o número é de uma bibliotecas por cada 62oo pessoas (cf. 2016 "Library Map of the World" 2016).
Segundo o relatório referido, há na europa: 5.021 bibliotecas públicas na Alemanha, 6.042 na Itália e 16.100 na França. A Turquia com maior população, tem apens 1 137 bibliotecas públicas.
A Turquia também sofre com um número baixo de funcionários por biblioteca de acordo com a IFLA. Por exemplo, enquanto a Alemanha emprega 11 mil funcionários em biblioteca pública, a Turquia emprega 3 490.
Em 2016, a Alemanha registrou 315 milhões de livros emprestados, enquanto a Turquia contou com 9 milhões.
Para igualar a média de bibliotecas per capita da UE, a Turquia precisaria multiplicar por dez, os seus recursos atuais.
O Goethe Institut na Turkia, confirma que há aproximadamente 1.100 bibliotecas públicas estaduais na Turquia, dependentes da Direção Geral de Bibliotecas e Publicações [KYGM .
Cada uma das 81 províncias da Turquia opera uma biblioteca provincial no centro [İl Halk Kütüphanesi] .
Existem várias bibliotecas distritais em cada distrito provincial [İlçe Halk Kütüphanesi].
As bibliotecas provinciais coordenam e controlam parcialmente as bibliotecas distritais, que pertencem à sua província.
As bibliotecas públicas são visitadas principalmente por crianças e jovens, ou seja, alunos e estudantes, já que a maioria das bibliotecas escolares não são atraentes ou tem acessibilidade limitada. As taxas de oferta e uso das bibliotecas públicas relacionadas à população são muito baixas - apenas 0,2 livros estão disponíveis por habitante e apenas 5% da população são membros da biblioteca pública.
Há, no momento, 43 bibliotecas móveis na Turquia e um total de 737 pontos de serviço.
Muitas bibliotecas públicas são acomodadas em edifícios históricos ou em edifícios de administração padrão. Apenas alguns têm edifícios, que foram projetados e construídos como edifícios de bibliotecas.
Todas as bibliotecas públicas são totalmente automatizadas com um software disponível de forma central chamado Milas. As explorações de todas as bibliotecas públicas podem ser pesquisadas on-line por uma superfície conjunta que também oferece a possibilidade de pesquisar no Catálogo Nacional-União TO-KAT. AsAs
As coleções de bibliotecas públicas são composts com 38% de livros de ficção e por 62%) de livros de não ficção. O número de material audiovisual digital oferecido é muito baixo.
A maioria das bibliotecas públicas tem locais de trabalho na Internet para usuários e todas as bibliotecas provinciais possuem sites próprios.
As bibliotecas públicas não têm pessoal formado em Ciência da Informação. Haverá apenas cerca de 300 bibliotecários com qualificações acadêmicas.
http://www.goethe.de/ins/tr/lp/prj/bpt/lds/oeb/oebs/enindex.htm
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