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Zélia Parreira é Doutora Ciências da Informação e Documentação pela Universidade de Évora, e dirige a Biblioteca Pública de Évora que integra a Biblioteca Nacional de Portugal.
Recentemente a Biblioteca Pública de Évora fez 213 anos e surge pela mão do promotor da passagem das bibliotecas da esfera privada para a esfera pública. Frei Manuel do Cenáculo
Reconhecendo o trabalho interessante da Zélia Parreira na promoção da leitura e associando esse facto á característica particular da Biblioteca Pública dae Évora fica aqui registada uma conversa com esta bibliotecária.
1 O que te levou ao percurso profissional de bibliotecária.
Foi quase por acaso. Fui utilizadora da biblioteca pública desde miúda, mas fui fazendo o meu percurso escolar sem uma ideia muito definida do que queria ser. Entretanto, concorri e entrei para o quadro da Câmara Municipal de Moura, ainda estudante. Quando terminei a licenciatura, o Presidente da Câmara na época apresentou-me a proposta de um cargo dirigente, que recusei por considerar que me faltava a experiência necessária e ele respondeu com outra pergunta: “E para a Biblioteca, estaria interessada?”. Devido ao financiamento recebido através do Programa de Apoio às Bibliotecas Municipais, a biblioteca tinha obrigatoriamente que ter um bibliotecário e o lugar estava vago. Aceitei sem hesitar, com uma sensação esquisita, entre a surpresa total e a familiaridade de um processo natural. Quando contei à minha mãe, ainda muito surpreendida com a oportunidade, disse-me logo “Eu sempre soube que tu ias lá parar!”. Fiz a pós-graduação em Ciências Documentais na Faculdade de Letras de Lisboa, já a trabalhar na Biblioteca de Moura, como muitos outros colegas na época.
Desde o primeiro dia, a 1 de setembro de 1994, não me imagino a fazer outra coisa. Tenho o privilégio de fazer o que realmente gosto, de viver todos os dias num ambiente fantástico, e o orgulho de contribuir para uma instituição que tem verdadeiramente o poder de mudar o mundo para melhor.
2 Como é ser bibliotecária no grande e histórica biblioteca de depósito legal? Qual a diferença em relação às B Municipais?
Bem, em concreto, a grande diferença é que não há problemas com as aquisições e temos sempre todos os livros publicados em Portugal, embora com algum tempo de atraso relativamente à sua edição. Esse delay deve-se ao tempo que as tipografias ou editoras demoram a remeter os livros para a Biblioteca Nacional e, depois, como dependemos do apoio do Município de Évora para o transporte das caixas com o depósito legal para Évora, à disponibilidade dos serviços municipais.
É, inegavelmente, uma vantagem extraordinária, na medida em que nos permite ter sempre muitas novidades, o que é muito valorizado pelos nossos leitores. A disponibilização do fundo documental tem sido a grande mais-valia que tem feito crescer o número de utilizadores, de empréstimos domiciliários e de consultas presenciais.
É claro que há o reverso da medalha. Entram na Biblioteca Pública de Évora, em média, 150 a 160 livros por dia (40 mil por ano). Tem sido necessário um grande esforço de organização interna para criar fluxos de trabalho que garantam, por um lado, o processo de tratamento documental atempado e, por outro, a arrumação física das espécies num espaço que não se multiplica. Acresce ainda o trabalho de conversão do ficheiro manual (cerca de 170 mil registos) para o catálogo informatizado, bem como a catalogação de cerca de 20 anos de depósito legal que não recebeu qualquer tratamento ou registo (entre o momento em que foi decidido parar o catálogo manual e o momento em que o catálogo informatizado efetivamente começou).
Por outro lado, o DL só cobre documentos impressos, o que significa que estamos limitados a esse suporte.
Quanto à colecção patrimonial, é indescritível a riqueza do fundo que está à guarda desta Biblioteca. Estamos a proceder à inventariação e catalogação das espécies depositadas na Casa-Forte e têm sido frequentes as surpresas quando à qualidade e até quantidade de documentos que aqui se encontram. Este é um processo que as bibliotecas municipais raramente enfrentam e, mesmo quando dispõem de livro antigo, nada se assemelha a esta dimensão, riqueza e importância. Neste domínio, além do registo exaustivo de todas as obras, estamos também a proceder à sua virtualização, com o objectivo de disponibilizar o acesso aos documentos, ao mesmo tempo que garantimos a sua segurança e salvaguarda.
Esta é, como se pode constatar, uma biblioteca muito especial, na medida em que comporta duas bibliotecas numa só – a de leitura pública e a patrimonial - e que cada uma destas bibliotecas já se destaca, por si só, pela sua dimensão e pelo valor das suas colecções.
Depois, há ainda todo o trabalho de gestão de instituição e do edifício. Neste momento estamos a poucos dias de iniciar uma obra de recuperação que só peca por tardia, mas que foi muito difícil de concretizar. O facto de esta Biblioteca ser parte da Biblioteca Nacional de Portugal constitui uma enorme vantagem, dado todo o apoio técnico e logístico que daí recebemos, mas acarreta o peso da responsabilidade de representar uma instituição tão relevante para o nosso país. Ser a Bibliotecária desta Casa é, sem dúvida, o grande desafio profissional da minha vida e trabalho todos os dias para tentar corresponder a esse desafio.
Nós estamos a desenvolver algumas estratégias que procuram concretizar um objectivo principal: aproximar as pessoas dos livros. E digo isto no sentido mais literal possível. A minha experiência destes 24 anos como bibliotecária é que o ser humano não resiste ao livro, se ele estiver por perto. Com base neste pressuposto, criámos serviços de proximidade através de parcerias com instituições do concelho de Évora e neste momento contamos já com 18 unidades fora das paredes da Biblioteca. Algumas fazem empréstimo domiciliário para o público, outras apenas para os funcionários/associados dessa entidade, outras são só para leitura presencial. Também fizemos um investimento importante no aumento do número de horas de abertura ao público, especialmente em horários que podem ser de maior conveniência para quem trabalha: a hora do almoço e o sábado. Por fim, a nossa grande aposta está na disponibilização de fundo documental para empréstimo, com um elevado índice de novidades. É curioso que a maior parte dos nossos leitores se dirige logo às estantes das novidades antes de seguir para o serviço de empréstimo.
Naturalmente, também desenvolvemos muitas actividades de animação e promoção da leitura, sempre em parceria, com o objectivo de trazer novos públicos à Biblioteca (106 actividades em 2017, com a participação ou assistência de mais de 8 mil pessoas), mas o que os fideliza como leitores é o contacto com o livro e a certeza de encontrarem permanentemente novos motivos – leia-se novos livros – que justifiquem a sua vinda à biblioteca.
Felizmente o crescimento tem sido consistente e neste momento temos quase 10 mil utilizadores inscritos (o que significa que, nos últimos 4 anos praticamente duplicámos o número de utilizadores) e uma média anual de 40 mil documentos utilizados, 25 mil dos quais em empréstimo domiciliário. Só em 2017 tivemos mais de 60 mil pessoas na Biblioteca!
Sim, há duas questões que considero importantes. A primeira poderia resumir-se em duas frases relativamente à postura dos bibliotecários perante a biblioteca, numa altura em que se constata algum desânimo: “É isto que temos, é com isto que temos que trabalhar” e “Não perguntes o que pode a biblioteca fazer por ti, pergunta o que podes tu fazer pela biblioteca”. Não há aqui qualquer sugestão de conformismo, pelo contrário. Devemos reivindicar melhores condições e lutar por elas, mas também temos que fazer tudo o que está ao nosso alcance para aproveitar tudo o que temos, tudo o que nos rodeia, em favor da biblioteca pública e da sua afirmação, porque essa afirmação abrirá novas possibilidades de crescimento e reconhecimento.
A segunda questão, que já referi no início, é que nós temos o privilégio de trabalhar numa instituição que pode, efectivamente, mudar o mundo. E isso faz-se através do impacto positivo que temos na vida de cada cidadão da comunidade que servimos.
Posso falar do meu caso pessoal: olho para trás e vejo que todo o meu percurso pessoal e profissional só foi possível porque, desde muito cedo, comecei a utilizar a biblioteca pública. Todos os livros que li contribuíram para aumentar a minha curiosidade, o desejo de aprender. Quanto mais sabia, mais queria saber: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original”. Foi também na biblioteca pública que encontrei os livros que precisei de ler e estudar ao longo do meu percurso académico. A minha vida teria sido muito diferente se não tivesse usufruído da biblioteca pública e hoje tenho a oportunidade de estar deste lado e ajudar a mudar outras vidas.
É por tudo isto que não posso, em circunstância alguma, baixar os braços e deixar de lutar para afirmar a biblioteca pública e a sua relevância na comunidade.
Curriculum vitae de Zélia Parreira
Zélia Parreira Bibliotecária. Doutorada em Ciências da Informação e Documentação pela Universidade de Évora. Licenciada em História pela Universidade de Évora e pós–graduada em Ciências Documentais pela Universidade de Lisboa. É diretora de serviços na Biblioteca Nacional de Portugal, tendo a seu cargo a direção da Biblioteca Pública de Évora desde Janeiro de 2014. É coordenadora do Grupo de Trabalho das Bibliotecas Públicas da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central. Foi bibliotecária responsável pela Biblioteca Municipal de Moura entre 1994 e 2013 e formadora na área das ciências documentais, variante de bibliotecas, entre 2003 e 2010. É investigadora do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS/UE) e foi professora assistente convidada na mesma Universidade entre 2014 e 2016. |
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Este ano de 2018 o Prémio Camões foi para Germano Almeida, escritor Cabo Verdeano.
O Prémio Camões foi instituído pelos governos de Portugal e do Brasil. É instituído a autores que contribuam para o enriquecimento da língua portuguesa.
Já foram premiados autores de Portugal, Brasil,Cabo Verde, Moçambique e Angola.
Alguns dos premiados são: Miguel Torga, Jpsé Craveirinha, Vergílio Ferreira, Jorge Amado, José Saramago, Eduardo Lourenço, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, José Luandino Vieira, António Lobo Antunes, Arménio Vieira, Manuel António Pina, Mia Couto ou Manuel Alegre.
Germano Almeida estudou Direito em Lisboa e é edvogado em Cabo Verde. Teve participação política como deputadoe como Procurador-Geral da República.
Foi co-fundador da revista literária “Ponto & Vírgula”. Já escreveu dezassete títulos, traduzidos para várias línguas.
António Borges Regedor
A Biblioteca Municipal da Maia foi inaugurada em 1994 e este ano de 2018 aderiu à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.
Recentemente teve uma evolução para novos conceitos de biblioteca pública. Abriu uma nova sala de leitura, equipada para reuniões e estudo em grupo. É uma sala que pode ser reservada e que está equipada com dispor internet wireless e videoconferência, Para equipamentos de apoio tem e espaço de café e refeições com máquinas de vending e micro-ondas. Tem condições, entre outras utilizações, a ser requisitada por empresas e grupos para as suas diversas actividades.
O espaço foi conseguido com o contributo dos mecenas e patrocinadores
Inevitavelmente as bibliotecas públicas terão de aumentar e diversificar cada vez mais os seus espaços de modo a criar novos espaços de utilização e aumentar os segmentos dos seus públicos. Longe já vai a bibliotecas das criancinhas e das escolinhas. O mundo das bibliotecas está em profunda mudança. Não se dar conta disso é torná-las obsoletas e desnecessárias.
António Borges Regedor
IFLA
A International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) cada vez mais londe da Europa.
E a europa cada vez menos importante.
A IFLA como organização que se pretende mundial, Começou por ser eurocêntrica.
As mudanças de eixos motores da economia e desenvolvimento social levam também esta organização a mudar a sua “proa” como se diz em linguagem náutica. Navega, como todos nós, em outras águas, ou outras realidades.
Na minha tese, http://hdl.handle.net/10284/4291 , tinha identificado 75 % dos congressos da IFLA, realizados na Europa, mas já inclinada para a Ásia com 10 %. A tendência para sair da Europa reforça-se.
Nos últimos seis congressos . Metade deles foram realizados fora da Europa.
António Borges Regedor
Informatio. Revista del Instituto de Información de la Facultad de Información y Comunicación
Revista del Instituto de Información de la Facultad de Información y Comunicación. Universidad de la República, Montevideo, Uruguay
Informatio se publica en dos números anuales, como revista del Instituto de Información de la Facultad de Información y Comunicación de la Universidad de la República. Está destinada a publicar estudios originales e inéditos, resultados de investigación, revisiones de literatura y temas académicos de interés disciplinario, que contribuyan al desarrollo de la Ciencia de la Infomación, la Bibliotecología, la Archivología y áreas afines.
Informatio es una revista arbitrada por pares mediante el sistema doble ciego. Cada artículo recibido es enviado a dos revisores con competencia notoria en el tema, preservando la identidad del autor. Los revisores evalúan cada artículo en función de su originalidad, rigor, pertinencia académica y aporte real al estado del arte, mediante un formulario enviado por el Consejo Editor. En caso de obtener dictamen positivo de ambos revisores, el artículo es aceptado; en caso de obtener dictamen negativo de ambos, es rechazado. En caso de obtener un dictamen negativo y otro positivo, es enviado a un tercer revisor, cuyo dictamen decide la aceptación o rechazo. En caso de que un artúculo obtenga un dictamen positivo con reparos, es reenviado al autor para realizar las modificaciones indicadas por el revisor.
Esta revista proporciona un acceso abierto a su contenido, basado en el principio de que ofrecer al público un acceso libre a las investigaciones ayuda a un mayor intercambio global del conocimiento.
http://informatio.eubca.edu.uy/ojs/index.php/Infor/issue/current/showToc
Documento arquivístico digital: demanda, confiabilidade e preservação | |
Henrique Machado Santos, Daniel Flores |
Jhonata Medeiros Caetano, Eliana Maria dos Santos Bahia Jacintho |
Os mapas conceituais e as múltiplas aplicações para a organização e representação do conhecimento | |
Maria Rosemary Rodrigues |
Varenka Parentelli |
Lisa Block de Behar |
Iniciei o caminho como Bibliotecária em 1991 na Biblioteca nº 65 da Fundação Calouste Gulbenkian em Côja, hoje Biblioteca Alberto Martins de Carvalho. Foi uma experiência muito enriquecedora. Tinha terminado há pouco a especialização em Ciências Documentais e esta primeira experiência permitiu-me testar na prática muita da teoria que assimilei durante o curso.
Em 1993 iniciei o percurso na Biblioteca Municipal de Arganil. Tive a sorte de a encontrar ainda “no tijolo” o que me permitiu fazer algumas alterações (por exemplo, criar as condições para a instalação, anos mais tarde, da rede informática da Biblioteca). Foi uma aventura extraordinária, absolutamente empolgante que eu vivi de forma muito intensa e que verdadeiramente começou em 1996, quando a Biblioteca abriu ao público.
Nunca trabalhei em bibliotecas de cidade. O conhecimento que tenho advém do contacto com colegas que trabalham nessas bibliotecas, da frequência em tempo de férias e visitas, normalmente com grupos de formandos, a algumas delas o que me permite ter uma ideia das oportunidades e obstáculos que encontram nos meios onde estão inseridas.
Quando a Biblioteca de Arganil abriu ao público em 1996 percebi a dificuldade de trabalhar num concelho com cerca de 13 000 habitantes, hoje 11596 (Censos de 2011), uma superfície 332,9 km2, aldeias isoladas nas serranias, com níveis de literacia muito baixos.
Percebi que o esforço da Biblioteca teria de ir todo no mesmo sentido de tentar criar alguns hábitos de leitura nos munícipes. Não é tarefa fácil, nem rápida.
Num concelho sem grandes estruturas culturais, pareceu-me que o parceiro mais adequado seriam as escolas, onde encontraríamos alguns professores com objectivos semelhantes.
Tivemos a sorte de logo no ano seguinte, 1997, ser criada a Rede de Bibliotecas Escolares e o Município de Arganil ter sido convidado para integrar o primeiro grupo.
Correu bem. Hoje formamos uma rede de 11 Bibliotecas entre Públicas e Escolares. Bibliotecas modernas, totalmente informatizadas, usufruindo de um catálogo colectivo online, catalogação em linha, circuito de empréstimo a funcionar entre todas, cartão único para toda a rede de bibliotecas.
Como as pessoas não frequentam a Biblioteca, principalmente as que não habitam na sede de concelho, fomos à procura dos possíveis leitores através da criação de serviços de leitura dirigidos a sectores da população que nos pareceram mais interessantes para os nossos objectivos.
Com 6 bibliotecas em escolas do 1º ciclo e JI espalhadas pelo concelho, a estratégia passou por criar nessas bibliotecas dinâmicas que possibilitassem chegar às crianças e famílias. Leituras Partilhadas e Pais e Filhos, Livros e Ternura são serviços de leitura que temos a funcionar quinzenalmente. Criados, o primeiro há mais de 12 anos e o segundo há cerca de 5, cobrem hoje mais de 90% das famílias com filhos pequenos, no Concelho.
Das escolas passámos para as 3 creches do concelho com o mesmo serviço de leitura (quinzenal) dirigido às crianças e famílias. Também aqui a taxa de cobertura vai para além dos 90% das famílias com filhos nas creches.
Também há cerca de 12 anos iniciámos um serviço de leitura (mensal) junto dos idosos utilizadores dos Lares e Centros de Dia.
No Concelho de Arganil, um concelho com uma população muito envelhecida, existem 12 infraestruturas de apoio, normalmente ligadas a uma IPSS. Em todas elas temos serviços de leitura a funcionar.
Todos os meses, desloca-se a cada uma um dos nossos técnicos que leva um tema de conversa que desenvolve com os idosos. São temas que apelam às memórias que muitas vezes registamos em suportes de vídeo ou áudio. Em todos elas criámos um espaço de Biblioteca onde se deixam livros, não só para os idosos, mas para todos os interessados: técnicos, dirigentes, auxiliares, familiares. A ideia é criar em cada instituição uma pequena biblioteca física, mas com acesso à grande biblioteca global que o concelho tem. A campanha de divulgação do cartão único para bibliotecas junto destas Instituições que estamos a iniciar é uma estratégia com a qual esperamos conquistar muitos utilizadores para as Bibliotecas.
Embora as preocupações com o publico jovem (entre os 12 e 16 anos) nunca tenham deixado de estar presentes nos objectivos da Biblioteca, desde o ano passado que estamos a iniciar estratégias mais definidas. Com os serviços de leitura para crianças, famílias e idosos a funcionar bem, chegou o momento de pensarmos mais profundamente nesta problemática bastante complexa que é a de chegar a este público. É talvez o projecto mais complexo e ambicioso que desenvolvemos até hoje, neste momento ainda sem dados para avaliação.
O que tem esta estratégia a ver com isolamento? Na verdade, o verdadeiro isolamento é o da ignorância. A capacidade de aprender coisas novas, procurar fontes de informação para a aprendizagem ao longo da vida está na destreza com que se domina a leitura que depende, como sabemos, da aprendizagem e da prática.
Quando lhe perguntamos: Como tem sido compensar a diferença de oferta cultural entre espaços de grande e de pequena densidade populacional?
É um problema muito complexo que está para além da capacidade financeira da Autarquia para trazer boas ofertas culturais.
Na verdade, a grande questão é que para a esmagadora maioria das pessoas não faz falta e isso é dramático. Em meu entender há uma linha muito ténue entre cultura e entretenimento, o que nos deixa como que num limbo onde esta questão é absolutamente pertinente.
Por vezes, sem público para o que consideramos a cultura cultivada, acabamos por enveredar pela cultura assim, assim.
O caminho a seguir, e é esse que temos perseguido com mais ou menos sucesso, é criar condições para que as pessoas atinjam patamares mais elevados de literacia. Se isso acontecer tudo o resto vem por arrasto. A Cultura e a Literacia vivem de mãos dadas e uma não existe sem a outra.
Se houver hábitos de leitura, há hábitos culturais. Se houver hábitos culturais criam-se as condições para acontecimentos culturais.
Para terminar quero referir que o mundo de hoje, com as ferramentas tecnológicas da informação e comunicação que coloca à nossa disposição, nos permite desenvolver projectos, quase inimagináveis há poucos anos.
Se não fosse assim, dificilmente terias visto o cartaz da XXV Feira do Livro de Arganil e o terias divulgado com a facilidade com que o fizeste, o que muito te agradecemos.
Margarida Frois CV
Currículo académico
Margarida Custódio Fróis
Licenciada em História pela Universidade de Coimbra.
Pós-graduação em Ciências Documentais pela Universidade de Coimbra.
Pós -graduação em Assuntos Culturais no Âmbito das Autarquias pela Universidade de Coimbra.
Mestre em Ciências da Educação, especialização em Educação e Leitura pela Universidade Lisboa com a tese “Hábitos de Leitura e Sucesso Escolar: caminhos para o futuro”.
Currículo profissional
É Coordenadora das Bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil desde 1996.
Coordena o Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares no Concelho de Arganil desde 2006.
Formadora na área das Bibliotecas Escolares desde 1998.
Docente no Curso de Especialização em Ciências Documentais na Escola Superior de Educação de Viseu em 2006-2007.
Coordenadora Local do Curso de Biblioteconomia para Técnicos de Biblioteca ministrado pelo INETE em Arganil de 2001 a 2003.
Tem participado em inúmeros Encontros sobre Bibliotecas para que tem sido convidada como oradora.
Publicou vários artigos em revistas, jornais e blogues sobre a problemática da Leitura e das Bibliotecas e também na área da História.
CAFÉ DO MOLHE
Manuel António Pina
Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia
que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe
(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse
de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito
sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa
que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.
In Moura, Vasco Graça – 366 poemas que falam de amor. Lisboa: Quetzal; 2004. p.28-29
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