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Quinta-feira, 27 de Abril de 2017

Pós-verdade e Michel Foucault

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A propósito do recentemente denominado discurso da "pós-verdade", devia ler-se  Michel Foucault. 

Mais uma vez Foucault é útil para a compreensão deste  de poder social.  E das   relações entre poder, saber e linguagem (discurso). 

António Regedor

publicado por antonio.regedor às 15:55
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Quarta-feira, 26 de Abril de 2017

Após 60 anos . “sol de pouca dura”.

 

 

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Os diversos conflitos já vêm de tempos passados, mas a primeira metade do século XX é extremamente dolorosa par a Europa. Guerras em todo o território europeu com repercussões  fora do continente,  a revolução russa e a sua importância para a europa e o mundo, mais os efeitos da grande depressão, e ainda a sanguinária guerra civil espanhola, e as ditaduras nos estados do sul.  Uma geração pós 2º  guerra, pensa numa vivência diferente na europa.  Estão na geração que pensa na europa de forma pacífica, democrática, próspera,  os políticos Konrad Adenauer, Jean Monet, Robert Schuman, entre muitos outros. 

Três anos após o final da guerra O Tratado de Bruxelas abre caminho à formação da NATO.  Segue-se em 1952 a fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA).  Nesta altura ainda se falou da questão energética, nomeadamente do nuclear, mas a Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA/ EURATOM) veio a ter organização própria.

O Tratado de Roma, em 1957, institui a Comunidade Económica Europeia (CEE) ou Mercado Comum. 

Fica claro verificar que a principal razão que une a Europa é a questão económica. Primeiro as necessidades energéticas no tempo do carvão e de transição para o petróleo. Neste tempo  o nuclear era ainda percebido  claramente como instrumento de guerra.  Era um tempo de  um grande mercado consumidor com dimensão  aproximada  do  norte americano.  E nesta época histórica de saída da guerra as necessidades energéticas  eram fundamentais para o desenvolvimento da indústria europeia.  O resto, as questões  sociais e  políticas foram uma necessidade de arranjo justificativo, como aliás, é hoje tão claro.  

As razões económicas mostraram-se acertadas à época. Abriu um longo período de crescimento em que a comunidade foi atractiva,  desejável e modelar.  E foi-se alargando, aumentando as estruturas e cristalizando poderes que se foram afastando dos povos  que a constituem.

Ao crescimento seguiu-se o Euro como moeda única, mas que não convenceu todos os pares. O Reino Unido nunca chegou a adoptar a nova moeda.   Com o EURO passou a haver duas comunidades e três europas.  Na sequência do fim da URSS e  da queda do muro de Berlim,  teve o maior aumento de sempre. Foi  em 2004, ano em que também se tentou  aprovar uma  Constituição Europeia,  que ficou bloqueada pela não aprovação em alguns referendos.

Mais uma vez, a política foi encravando, enquanto  a economia, por via do crescimento ia em rédia solta, e cada vez mais ao ritmo do neoliberalismo americano. 

Os alargamento foram-se sucedendo enquanto processo de crescimento enquanto a europa se mostrava ponto de atracção. Hoje é mais ponto de repulsão.

O fim do crescimento na europa, foi ditado pela  crise financeira provocada nos Estados Unidos pela falência do gigantesco  banco “ Lehman Brothers” que se propagou a todo o sistema financeiro e que tem vindo a ser paga com os orçamentos dos contribuintes de países mais pequenos do ponto de vista financeiro.  A política neoliberal  do crescimento alicerçada no endividamento e da emissão de moeda sem contrapartidas reais na economia, faliu.

 A europa, é hoje,  o resultado dessa falência desastrosa que incide mais , nos mais pequenos.  A europa neoliberal está em desagregação.  Portugal  está,   , neste momento , em recuperação, porque pratica uma política contrária à vontade da comissão europeia, contrária à vontade do banco central europeu e contrária ao querer do fundo monetário internacional. Apesar de todos eles já terem reconhecido a falência das suas políticas. 

António Regedor

publicado por antonio.regedor às 17:57
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Segunda-feira, 24 de Abril de 2017

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1974. O encontro foi no “Rumo”, o café habitual para estudar, conversar e fazer contactos sem nada de estranho. Rotinas habituais de jovens em conversa de café à noite sem levantar qualquer suspeita. A conversa trouxe à memória a informação do piloto aviador regressado da Guiné. A força aérea tinha sido neutralizada. Um ano antes, em Março de 73, o PAIGC foi equipado com mísseis Strela que disparavam contra os aviões portugueses. No sul, em Madina do Boé foi atingido um Fiat G91-R4 pilotado pelo Tenente Coronel Piloto Aviador e líder do Grupo Operacional da Guiné que morreu. Deste território da Guiné, a sul do Rio Corubal, as forças terrestres portuguesas já tinham retirado em 1969, deixando o território ao PAIGC que aí declarou a independência. Também no Norte, entre Bigene e Guidaje outros aviões foram atingidos. Estas e outra informações sobre o movimento dos capitães, a movimentação das tropas do RI5 das Caldas, a publicação do livro “Portugal e o Futuro”, deram mote ao panfleto a distribuir nessa noite de 24 de Abril de 1974.
Saímos em direcção à Rotunda da Boavista, a separação foi na esquina da rua N. Sra. de Fátima. Os panfletos estavam numa casa perto dali. Fui buscá-los enquanto os outros dois camaradas agurdavam no jardim da rotunda. O destino era distribuí-los nos bairros sociais próximos da zona industrial da via rápida. O caminho foi feito a pé e pelas ruas menos movimentadas, quer de automóveis quer de pessoas, de modo a que qualquer indivíduo a pé pudesse ser visto a considerável distância. Cruzar com o menor número de pessoas era uma cautela, nem que obrigasse a mudar de sentido. Andar sem ser visto. No bairro, previamente reconhecido, as coisas eram mais simples. Bastava que cada um se dirigisse a uma entrada, simulando que se dirigia a casa. As caixas do correio estavam concentradas no rés-do-chão, das entradas dos prédios. Um panfleto em cada caixa do correio. Tudo ficava igual, como se nada tivesse acontecido. De seguida, outra entrada, e mais outra e assim sucessivamente. Todos seguiam em silêncio, em contacto visual e cautela e cautela para não se ser observado. Assim foi nessa noite de 24, já madrugada do dia 25. Nas caixas do correio ficou o panfleto “Nem Marcelo nem Spínola”
O regresso foi de alívio, e pelo caminho já mais a descoberto, víamos outro grupo que sabíamos ter ido a outro bairro próximo. A troca de olhares cúmplices, mas sem aproximação, contacto ou conversa. Cada um no seu trajecto de regresso. Até porque nem todos se conheciam, e alguns só eram identificáveis pelo pseudónimo, de tratamento obrigatório nestas circunstâncias.
Teria sido de exaltação e de noite sem dormir, caso soubéssemos que a essa hora, as luzes das casernas se acenderam, o pessoal formou na parada, as palavras de explicação da acção inventivo e aceitação foram dadas, os motores ligados, ouvidas as senhas e os objectivos tomados. A minha parte foi cumprida.
 
António Regedor
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publicado por antonio.regedor às 19:04
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Domingo, 23 de Abril de 2017

A MINHA ESTANTE NO DIA MUNDIAL DO LIVRO

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No Dia Mundial do Livro olhei de modo diferente para a minha estante. Os livros que ela suporta, são também suporte da minha vida. De um dos lados, está a filosofia como formação de base. Do outro a história da educação (Rómulo de Carvalho, ou António Gedeão para os poetas). A educação constitui hoje o maior tempo da minha vida profissional. Eu, que já trabalhei em tantas outras coisas. No meio está a minha tese, mais corolário que projecto de vida. Da filosofia destaco os pré-socráticos e o pensamento de Platão que enforma a cultura ocidental. Até chegar ao livro (McMurtrie) que representa boa parte da minha vida de bibliotecário e professor. Os clássicos, imprescindíveis, sem os quais a nossa vida é incompleta. Também está presente alguma coisa do que produzi. O Manual para a formação de técnico de informação e a revista de que fui elemento do Conselho Científico. A meio da estante está “April”. 20 anos de intervenção cívica no âmbito desta associação. Na minha estante está “ Logos e Racionalidade” tese do Francisco Sardo, camarada, professor e amigo, infelizmente já falecido, mas com quem muito aprendi. E estão também livros de outros amigos, colegas e alunos, alguns autografados, que são os poucos que ainda vou guardando. Estão os dos amigos Francisco Louça com autógrafo, do António Eloy companheiro de lutas da ecologia, do Zé Eduardo Agualusa amigo já de antes de ser escritor, dos alunos Luís Norberto Lourenço e da Alexandra Vidal, ambos autografados. Dos colegas Henrique Barreto Nunes e Otília Laje. Mas também da literatura de que gosto, como a de Ana Cristina Silva e Carlos Vaz Ferraz ( pseudónimo de um dos militares de Abril, Carlos de Matos Gomes). Mas também livros que conheci por razões de trabalho, como Manuel Laranjeira e José Marmelo e Silva.
A estante de uma pessoa, é o testemunho da sua vida.
 
António Regedor
publicado por antonio.regedor às 16:58
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Quinta-feira, 20 de Abril de 2017

Mértola

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Conheci Mértola alguns anos depois de 1974, quando decidi conhecer o Alentejo. Foi num Jeep UMM Cournil. O mesmo que equipava o exército português na fase final da guerra colonial. Um carro que me levou a todos os sítios do País. Entre eles ao famoso pulo do lobo, e onde não faltou a minha visita à Unidade Cooperativa de Produção “Esquerda Vencerá”, resultado da reforma agrária desencadeada nesse período histórico pós 15 de Abril. Mas o que mais me impressionou positivamente foi Mértola. A nota mais impressiva foi a visita à igreja que anteriormente foi mesquita construída na segunda metade do século XII, e antes disso foi algum anterior edifício como o comprova dois capitéis ainda existentes. Parecendo quadrada, a igreja/mesquita é trapezoidal porque a nave central é um pouco mais larga e a meridional um pouco mais estreita. Isto vim a saber mais tarde, quando procurei saber mais sobre o que me tinha impressionado. Só recentemente tive a oportunidade de ver o “mirab”. Da primeira vez que visitei a igreja, estava ocultado por uma parede.

A última vez que visitei Mértola, foi no âmbito da apresentação do resultado da organização da biblioteca pessoal de José Mattoso doada ao Campo Arqueológico de Mértola (CAM). Compreendi ainda melhor a importância da cidade que é um laboratório de estudo arqueológico do período islâmico do Andaluz. Claudio Torres foi o pioneiro no estudo e o real rsponsável na excepcionaldimensão e dinãmica do CAM. Hoje Mértola recebe igualmente a atenção da Universidade de Évora, a Universidade Nove de Lisboa e a Universidade do Algarve.


António Regedor

publicado por antonio.regedor às 16:34
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Segunda-feira, 10 de Abril de 2017

Sempre a iniciar cursos

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Ontem, num jantar  de alunos e professores de um curso de Comunicação (Mkt; RP, Pub) da Escola Profissional de Espinho (ESPE) dei-me conta que ao longo da vida tenho tido o fado de ser professor de  novos cursos e até inovadores.  

Aconteceu na Escola Secundária Filipa de Vilhena, onde iniciei um novo curso de Biblioteca, Arquivo e Documentação.  Foi meu colega o Paulo Bento, já amigo  do tempo de faculdade e filho também de uma boa amiga, a Marcela Torres, irmã do Claúdio que vim a conhecer mais recentemente em Mértola. Este curso teve o impulso decisivo do Joaquim Azevedo que à época dirigia o GETAP (Gabinete deo Ensino Técnico, Artístico e Profissional) do Ministério da Educação. Mais tarde Viria a ser secretário de estado.  Os alunos, pioneiros neste modelo de ensino, tiveram enorme sucesso. A empregabilidade foi total, e a maioria continuou estudos. Fui mais tarde professor de alguns na licenciatura e até em pós-graduação e Mestrado.

O outro pioneirismo foi com esta turma que se reuniu agora em jantar de memória. São hoje pais e mães, profissionais com sucesso, espíritos positivos, bem dispostos. E sobretudo, cuidadores dos valores da amizade, solidariedade e da areté (a tal excelência da cultura grega clássica que nos faz senir bem, quand sabemos que todos os outros da nossa comunidade estão bem.

O terceiro caso foi há 21 anos ter iniciado a leccionar  na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto um novo curso de Gestão do Património.  E mais uma vez, alunos pioneiros de um curso tiveram enorme sucesso.  Também vários alunos deste curso vieram a ser  meus alunos de Mestrado.  E o mais curioso é que  pelo menos duas alunas deste primeiro curso  são hoje professoras no curso.

Fui de seguida também contratado para o início de um curso de Ciências e Tecnologias da Documentação e  Informação na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão do IPP que à época se situava em Vila do Conde.  Outro caso de sucesso, com os alunos a conseguirem boas empregabilidades. E mais uma vez vários alunos a prosseguirem o percurso académico.

Na Universidade Fernando Pessoa entrei também para iniciar uma pós-graduação em Ciências da Informação e da Documentação, onde lancei a ideia bem acolhida de alargar o currículo aos estudos editoriais, à análise e avaliação de bibliotecas, e aos estudos de biliometria e cienciometria, inovações à época em que foram implementadas e que vieram posteriormente a ser objecto de estudo ao nível de Mestrado e etá Doutoramento.  

E em todos esses primeiro cursos a maioria dos alunos teve enorme sucesso.

E acabo de me dar conta que, em todo o meu percurso lectivo, andei sempre a desbravar.    

 

António Regedor

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publicado por antonio.regedor às 02:14
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Domingo, 9 de Abril de 2017

rua de Sant’Ana

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“Falta-te, é verdade, ó nobre e histórica rua de Sant’Ana, falta-te já aquele teu respeitável e devoto arco, precioso monumento da religião de nossos antepassados, e que, certo é, mais te vedava a pouca luz do céu “material” que tuas augustas dimensões deixam penetrar, mas era ele em sim mesmo, foco da espiritual luz de devoção que ardia no bendito nicho consagrado à gloriosa santa do teu nome.” Garrett, Almeida - O Arco de Sant´Ana,

Desde o esboço e a publicação do 2º volume distam 19 anos.
Começa a ser escrito à época do cerco do Porto, após o desembarque liberal de 1832. Apresenta-se como sendo a cópia de um manuscrito achado no convento dos grilos por um soldado do Corpo Académico, pseudo autor. Esta fórmula era usada pelos autores românticos para imprimir veracidade à ficção.
Na realidade Almeida Garrett foi alistado no Batalhão Académico aquartelado no Convento dos Grilos. Aí concebeu o romance para passar o tempo. O romance foi interrompido, e só em 1844 concluiu o 1º volume.

 

António Regedor

publicado por antonio.regedor às 14:00
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Domingo, 2 de Abril de 2017

Hans Christian Andersen

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Por duas vezes visitei a casa onde nasceu Hans Christian Andersen, a 2 de Abril de 1805, , em Odense na Dinamarca.  Impressionou-me a reduzida dimensão da casa. Fez-me lembrar uma casa irreal, de bonecas, algo de décor.   Mas sim, a casa onde nasceu, filho de um sapateiro e de uma lavadeira. Orfão aos onze anos de idade, foi aprendiz de tecelão, e alfaiate. Aos 14 anos  foi para Copenhagen trabalhar no Teatro Real da Dinamarca. Aí  actor  e bailarino.   Gosto, identifico-me com quem foi trabalhador estudante e que já trabalhou em  muitas coisas na vida.  Não tinha sido um aluno exemplar, mas fez a Universidade em Copenhagen. E escreveu muitas  das histórias  infantis que nos deliciam.

António Regedor

 

publicado por antonio.regedor às 19:09
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