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Como vivo na cidade com o mar por perto, aproveito essa oportunidade para o ver ainda mais de perto. Caminho ao longo da praia e no regresso passo peo jardim e aproveito para atravessar pelo interior da biblioteca, usando mais essa sua funcionalidade. A de me encurtar o caminho para casa. Também permite que cumprimente os funcionários e amigos conhecidos alguns já de longa data.
Na passagem há duas grandes mesas com um caosmos de livros para onde lanço o olhar e frequentemente requisito os que ganharam a minha atenção. Destra vez a minha atenção recaiu para um que compila a correspondência do 4º Morgado de Mateus com a sua esposa. Chamou-me a atenção o facto de o livro estar anotado como doação. E isso faz-nos reflectir como hoje, as bibliotecas, são tão diferentes dos constrangimentos a que já estiveram sujeitas. Desde logo, as doações. Sempre se fizeram doações, mas estas revestiam-se antigamente de carácter muito formal. Algumas delas, davam origem à própria biblioteca. Outras, doadas a bibliotecas já existentes, exigiam em vários casos, espaços, localizações, mobiliário e até condições de utilização próprias. O livro ainda vincado do seu valor patrimonial, apesar de em declíneo, era ainda objecto de custódia privada. Modernamente, a concepção de livro mercadoria para consumo de grande rotação, alivia-o dessa carga patrimonial e alivia o seu possuidor da sua posse permanente. Em suma, estamos mais propensos a dar outros destinos ao livro lido, usado, que aquele arrumo que lhe era tradicional. Fazemos hoje mais frequentemente doações às bibliotecas. Mesmo que isso acarrete novos problemas para elas. E muitas são as contrariedades que as bibliotecas sentem com as doações. No entanto, há algum benefício para a sua própria colecção. E isso é evidente com o facto de ter requisitado este livro que de outra forma dificilmente seria adequirido pela biblioteca, ou não o seria nunca.
(foto de olharesliterários’s blog)
António Regedor
Nielsen é uma empresa que estuda consumidores. Registou que nos preimeiros meses de 2014 os livros electrónicos eram 23 % da venda total de livros. Actualmente há uma estabilização neste segmento de mercado.
Na verdade, os livros electrónicos não são vendidos. São apens vendidas licenças de acesso. Os livros nunca deixam de ser propriedade da editora. É fornecida uma determinada quantidade de acessos. Sendo assim, podem verificar o problema craido à biblioteca no serviç de empréstimo. Ao totalisar o número de acessos da licença. O empréstimo só se fará mediante um novo pagamento. Quem mexe paga, e lá se vai o princípio da descoberta que é uma das mais atraentes possibilidades da biblioteca.
Ea licença é tão temporal, que a Amazon já limpou várias cópias de livros electrónicos.
Também no sistema de controlo de vendas em distintos territórios, nem sempre é possível comprar um e-book num país e lê-lo noutro.
Também há livros codoficados que não permitem que pessoas não rgistadas acedam ao livro.
E há também a codificação para perceber de onde fi feita a cópias ileggal.
Para já não falar da necessidade do equipamento mediador da leitura, o livro electrónico como suporte mais facilitador do acesso, é uma aparência. Somos cada vez mais dependentes , menos livres, e mais pagadores de rendas.
Longa vida ao livro em papel.
António Regedor
Uma condição da produção científica é ser publicada. É dessa forma que actualmente se faz apresentação pública da investigação científica e dos seus resultados. No século XVII as novas investigações eram apresentadas aos pares, nas academias de ciência. Hoje há a necessidade de publicação para divulgar a investigação realizada e para a subemeter á apreciação e critoca dos pares. O neoliberalismo entregou nas mão de empresas privadas a indústria editorial científica. A publicação científica tem essencialmente dois grandes editores. A Thomson Reuters e a Elsevier. Estes são so dois gigante sda indústria editorial científica.
A Thomson Reuters é proprietária da “Web of Science” o produto de maior reconhecimento internacional. Ela é a continuidade da primeira base de publicações que fazia contagem de citações. A “Science Citation Index” e o “Journal Citations Report” (JCR) do Institute for Scientific Informations (ISI) situado em Filadelfia, onde começa a cienciometria.
A outra empresa é a Elsevier que possui a “Scopus” e que é mais recente.
O aumento exponencial da publicação científica tem levado as empresas a criar outras bases menos elitistas. A Journal Citations Report (JCR) criou externamente a SciElo Citation Index e a Emerging Source e Citations Index
Scopus da Elsevier tem critérios mais ligeiros de inclusão de revistas no seu indexador, e praticamente não exclui revistas já indexadas. Para a América Latina a Scopus tem a Scimago Journal Rank e um ranking de universidades baseadas nos artigos publicados na scopus, (Scimago Institutions Ranking).
António Regedor
Quando se fala em sair à noite, o que se pensa é em cinema, teatro, um bar, discoteca, local para dançar, comer ou beber. Também pode ser o tradicional “ir ao café”, “beber um copo”. Pois bem, eu já saí à noite para ir à biblioteca participar numa sessão de poesia. Há muitos anos saía para ir estudar no café.
Desde 15 de Fevereiro, em Cascais, é posível sair à noite, para ir a duas bibliotecas em Cascais. É mais um lugar na oferta da saída à noite. E a biblioteca tem a vantagem de ser um espaço mais diversificado e polivalente que os demais concorrentes. Serviço de biblioteca, espaço para estudar, trabalhar em formato que também pode contemplar o coworking, ponto de encontro, normalmente com bar, e se tiver restaurante ainda melhor. Espaços para espactáculos, exposições, instalações, ensaios, dança, música, reuniões associatvas, e muito mais.
O país teve a oportunidade de investir numa rede de equipamentos com qualidade, funcionalidade e boa localização no âmbito dos territórios que é suposto servir.
Não é necessário investir mais para ter mais horas de disponibilidade fazendo baixar o rácio do custo/hora de abertura e o rácio de benefício/custo das actividades. Maior abertura valoriza os serviços prestados e o benefício da sua concessão para a biblioteca. Ganha dinâmica social associada a valorização cultural.
Numa das bibliotecas da Dinamarca que visitei em trabalho o restaurante era no 4º andar. Em Beja a minha paragem preferida é no bar da biblioteca, no Porto agrada-me o bar/esplanada. Eu que até nem sou grande adepto de futebol, alinhava a ver a selecção a jogar, sentado no átrio de uma biblioteca. Fico à espera para ver se acontece.
António Regedor
Há países que já criaram legislação que obriga as bibliotecas a pagar direitos de autor por empréstimo de livros. Caso de Espanha, desde 2014, por exemplo.
Estamos em crer que se trata de mais uma manifestação resultante da ideologia ultra-liberal. Esse pensamento traz mais prejuízos para o campo da literacia, da cultura e da cidadania. O pagamento pelo empréstimo não produz vantagens para os autores. São prejuízos, não facilmente mensuráveis, mas seguramente elevados, a médio e longo prazo. Estas decisões. são colocadas ao arrepio de toda a história do acesso às bibliotecas, à leitura e da cidadania.
As bibliotecas públicas foram, desde do início, instrumentos para a manutenção e desenvolvimento da competência da leitura. Paralelamente eram instrumentos de formação do indivíduo. À escolaridade seguia-se a promoção das bibliotecas públicas. Pretendia-se que a leitura proporcionasse bons hábitos e formação cidadã. Obviamente eram gratuitas, sem a qual não cumpririam os objectivos para que eram criadas.
Modernamente as bibliotecas são ferramentas para a literacia. São divulgadoras da leitura, e dos autores. Se acções restritivas , como o pagamento do empréstimo, se impuserem, resultará a inibição da compra, do empréstimo e consequentemente a diminuição dos direitos para os autores. Isto é: perde-se o efeito pretendido com o pagamento da leitura por empréstimo em biblioteca.
O empréstimo em biblioteca é um acto de promoção dirigida a novos públicos a expensas da própria biblioteca que já comprou os livros e consequentemente já pagou direitos de autor. E os autores e livreiros nada pagam por esse marketing em tão boas montras como são as bibliotecas.
Através das bibliotecas os livros e os autores chegam a muitas pessoas. Não faz sentido, nem é justo, fazer as bibliotecas pagar por esta prestação de serviço social, inestimável e incomensurável.
O posicionamento ao lado da ideologia neoliberal que propõe o arrepio do social e do domínio público é contrário à missão primordial das bibliotecas. Sabemos que a ideologia neoliberal é avessa a tudo o que seja serviço públicol, espaço e coisa pública. O neoliberalismo pretende fazer da cultura um negócio e isso leva essa ideologia a arremessar contra as bibliotecas, contra o empréstimo do livro, e por arrasto contra a literacia a leitura e difusão de informação.
António Borges Regedor
Quanto vale uma biblioteca?
Dito de outra forma. Qual o impacto económico de uma biblioteca?
Numa biblioteca pública, a maioria dos serviços prestados é gratuita. Não são pagas as facilities, o empréstimo dos livros não custa dinheiro, nem dos jornais e outros suportes de informação. A internet também não é paga, e a maioria dos eventos também não. Sejam exposições, colóquios, tertúlias, reuniões diversas.
No entanto o funcionamento da biblioteca custa dinheiro. O mobiliário e o bem estar em espaço climatizado também. Os livros, jornais e internet também são comprados pela biblioteca. E há ainda o custo da realização dos eventos.
O livro que compro, tem o custo para mim correspondente ao que paguei por ele. Mas se o comprar em parceria com um amigo, ele custa-me apenas metade. O mesmo com o acesso à internet em casa. Pois assim é, na generalidade dos serviços da biblioteca. O custo dos serviços é partilhado pelo número de utilizadores.
Quando a biblioteca presta um serviço gratuito, esse serviço tem um custo de mercado que é possível calcular. Verifica-se que a biblioteca , pela sua actividade , produz um impacto socioeconómico.
Este assunto tem vindo a ser estudado por várias entidades. O Conselho de Cooperação Bibliotecária de Navarra- Espanha, calculou esse valor de impacto em estudo efectuado em 2014. Um outro é da autoria de Gómez Yánez, J. A. (coord.) [e-Book] El valor económico y social de los servicios de información: bibliotecas. Madrid, FESABID, 2016. Em Portugal há um vídeo, também sobre este tema, da Biblioteca da Faculdade de Psicologia e Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Aponta-se nos estudos que por cada euro investido nas bibliotecas públicas, haverá um retorno social no valor que se situa entre 3,49 euros e 4,66 euros.
No estudo de Gómez Yánez o retorno para a sociedade, do investimento em bibliotecas públicas, universitárias e científicas está entre os 2,49 euros e os 3,40 euros por cada euro investido.
Este estudo calcula ainda que um utilizador-tipo de uma biblioteca pública valoriza em 17,7 €/mês os serviços que recebe em empréstimo de livros, leitura nas salas, assessoria dos bibliotecários, acesso à internet, assistência a actividades culturais, e ainda no caso das crianças a ajuda à realização de trabalhos escolares. Consideram ser esse o valor que teriam de pagar no caso dos serviços lhes serem prestados por uma empresa privada.
António Regedor
Ouvia frequentemente falar do Nuno Marçal a propósito do excelente trabalho que desenvolvia com a biblioteca itinerante. O meu encontro pessoal com o Nuno foi em Castelo Branco na apresentação do livro “Manifestos contra o medo” do amigo comum Luís Norberto. Conversamos longamente sobre o trabalho desenvolvido pelo Nuno. Não me espanta a sua nomeação para o prémio (ALMA) Astrid Lindgren Memorial. É de enorme justiça. Já não é a primeira vez que o “Bibliotecário Ambulante”, como gosta de se assumir, se confronta com prémios. Já foi premiado em Espanha pela Associação de Profissionais de Bibliotecas Móveis. Haverá outros candidatos igualmente diligentes na promoção do livro para a infância. Mas o prémio para o Nuno seria merecido.
Há relativamente pouco tempo (4Fev 2017), dei nota, aqui no bibivirtual, de uma livraria alfarrabista a fechar de forma peculiar. Fechava, mas oferecia todo o espólio existente. Eram quinhentos mil livros.
Também no Porto, a Livraria Sousa & Almeida na Rua da Fábrica foi vendida após 61 anos de vida. São mais 20 mil livros que não têm ainda para onde ir. A Rua da Fábrica no Porto era nos anos 70 muito frequentada por estudantes que se repartiam pelos cafés estrela e e outros nas imediações. A proximidade de estudantes é sempre factor favorável a qualquer livraria. E esta era especializada em literatura galega e portuguesa da lusofonia. O reconhecimento da sua especialização permitia vender para Harvard e Santiago, entre outros destinos. Deixará de o fazer.
O terceiro caso, neste curto espaço de tempo é a venda da livraria Ferin de Lisboa, mas com um futuro mais optimista. O objectivo é modernizá-la ao mesmo tempo que se valoriza a sua antiguidade, história e património. Na génese desta livraria está o gosto burguês da leitura que contornava o custo dos livros através da organização de gabinetes de leitura comerciais.
Os gabinetes de leitura emprestavam livros a troco de um pagamento. Nos meios operários, organizações filantrópicas, nomeadamente ligadas à promoção dos ideais republicanos, criavam gabinetes de leitura em que o empréstimo de livros não era pago. Não estavam ainda vulgarizadas as bibliotecas públicas.
As duas irmãs Ferin que estiveram na origem do gabinete de leitura, estiveram também na criação da livraria que foi simultaneamente tipografia e encadernação. Agora virá a ter novas valências afirmando que também no mercado livreiro o mundo é composto de mudança.
António Regedor
José Eduardo Agualusa finaliza mais um livro. Esperemos que não fique muito tempo no prelo. Tinha começado a ser escreit há seis anos. Terá por título "A Sociedade dos Sonhadores Involuntários". Ficamos à espera, sonhando involuntariamente a sua chegada ás bancas.
António Regedor
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