Domingo, 10 de Janeiro de 2010
Com o devido destaque publico a opinião de:
Judite A. Gonçalves de Freitas
Professora Associada com Agregação em História e Estudos Políticos (FLUP)
Docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
Email: jfreitas@ufp.edu.pt
"À questão formulada poderia responder de duas formas:
1ª Existe uma nova realidade condicionada pelo actual e hodierno contexto social, cultural e tecnológico. Pois se durante muitos séculos a escrita e a leitura foram dominadas por uma minoria de indivíduos, os alfabetizados, hoje a alfabetização não dispensa o domínio das novas tecnologia de informação e comunicação.
2ª Em consequência desta expansão das novas formas de comunicar e das novas linguagens audio-visuais, ocorrida nas últimas décadas, todas as instituições educativas de nível médio ou superior, devem assumir o repto de bem formar os jovens e adultos para a integração na vida activa e uma maior participação na sociedade civil.
Assim, penso que a designada "Sociedade de Informação" exige novos modelos de ensino-aprendizagem num quadro tecnológico, cultural e social bem diferenciado do de há apenas duas décadas atrás. Neste quadro, as exigência impostas às bibliotecas escolares são muito maiores e bem diferenciadas: o acesso a bases de dados, a navegação hipertextual, a interactividade, as apresentações multimédia são também meios de formação essenciais aos jovens nos nossos dias. A escrita e a leitura também passam por ai... Ao invés da biblioteca escolar tradicional ser um espaço de reserva dos manuais escolares e meia dúzia de obras de referência raramente consultadas, ela deve promover a aquisição das novas competências de leitura complementares das formas tradicionais. Por tudo isto, considero muito bem-vinda a figura do professor-bibliotecário, desde que reuna as competências tradicionais de bem ensinar a ler e a escrever, mas igualmente esteja apto a bem ensinar a manipular os recentes meios de informação e conhecimento. Para tal exige-se formação vocacionada dos agentes educativos por forma a promover uma alfabetização adequada à sociedade contemporânea. Urge a mudança de paradigma do professor e, consequentemente, do professor-bibliotecário."
Quinta-feira, 7 de Janeiro de 2010
Estes andam a pensar nas bibliotecas e arquivos
Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010
Médico bibliotecário não conheço, mas conheço vários profissionais que têm ou estão a fazer especialização em Ciência da Informação.
Especialista em Informação e Documentação já não é só bibliotecário, nem o bibliotecário não é só oriundo das humanidades e geralmente da história.
Conheço Especialistas em Informação e Documentação com outras formações tão diversas como o Direito, o Marketing, as Ciências Agrárias e outras disciplinas.
É certo que recentemente chegam à profissão pessoas que não tiveram outras formações, e que fizeram já todos os seus estudos em Licenciaturas nas áreas da Informação e Documentação.
Fui dos primeiros a defender a necessidade de um ensino coerente nesta área, que deveria compreender desde logo uma disciplina de CID no secundário, e sequentemente a Licenciatura, o Mestrado e Doutoramento.
Mas vejo também com muitos bons olhos, a vantagem para esta área do conhecimento, que é proporcionada pelas pessoas de outras formações que fazem a formação em CID. E todos reconhecemos que boa e diversificada formação resulta em melhor desempenho profissional na área da Ciência da Informação.
Tenho esperança que ao nível do Mestrado continue a confluir gente das mais variadas formações, em vez de afunilar e fechar-se sobre si mesmo.
Vejo com muitos bons olhos historiadores-bibliotecários, gestores-bibliotecários, arquitectos-bibliotecários e claro médicos-bibliotecários, porque não?
Voltando ao essencial: Não tenho nada contra o professor-bibliotecário. O que não aceito é a colocação de um professor numa biblioteca escolar sem formação acreditada e creditada ao nível da Licenciatura em Ciência da Informação e Documentação ou pós-graduada no caso de ser professor de outra área científica.
António Regedor
Recordação das bibliotecas da Dinamarca
Terça-feira, 5 de Janeiro de 2010
Mais um comentário que destaco pela sua importância:
Lembro que durante muitos anos, certamente não muito distante, muitos professores que não tinham horário, professores com problemas de diversa ordem, nomeadamente, relacionamento com alunos e outros, eram colocados na Biblioteca escolar. Era a prova da desvalorização que este local ( tão importante enquanto ponto de encontro, divulgador e mobilizador do saber) se confundia com qualquer outro de menor dimensão. Os tempos parecem ser mudança de paradigma na forma de olhar para este recurso . Há necessidade de envolver rigor e cientificidade a este local , sem nunca se perder de vista a sua função pedagógica. Em relação ao professor bibliotecário ser um professor, acho bem . SE ele tem ou não de deixar a sua dimensão docente porque deseja experimentar outras dimensões também não há nada de mal, é até positivo, mas não poderemos dizer que é sempre assim. Há professores que pensaram várias vezes em deixar ou manter uma turma como a lei prevê.
Continuo a dizer que este apoio técnico, mais preciso, poderia ser dado pelos técnicos das Bibliotecas Municipais, uma vez que já estão em rede. É importante o apelo ao trabalho colectivo e partilhado num país tão pequeno, não apenas para a optimização dos recursos, do kow how existente mas ainda para deixarmos de pensar de forma tão individualista.
Arcelina Santiago
Segunda-feira, 4 de Janeiro de 2010
Dou destaque a um novo comentário, felicitando a autora, que julgo ser a primeira vez que participa neste blog.
Sou professora e neste momento professora bibliotecária.
Gosto de ser professora e à primeira vista não me parece um desmerecimento ser também bibliotecária, até porque continuo a ser professora.
É, no entanto, uma tarefa árdua ser as duas coisas ao mesmo tempo.
Ter um bibliotecário na Biblioteca Escolar seria uma mais valia mas nunca sem um professor ao lado com formação pedagógica para dar cumprimento à missão que a Biblioteca Escolar tem no contexto da Escola. Não me parece que o bibliotecário fosse capaz de direccionar a actividade da Biblioteca Escolar para o currículo e para a realização de aprendizagens que a Escola deve proporcionar...
Ser professor bibliotecário deverá ser uma opção e não uma imposição, mas a exigência de que este possua formação em ciências documentais deve persistir pois de outra forma o desempenho das suas variadíssimas funções tornar-se-ia muito mais difícil.
Maria Rodrigues
Domingo, 3 de Janeiro de 2010
Mais um comentário. Este numa perspectiva diferente, mas interessante.
comentário:
Pergunto-me o que aconteceria se alguma vez se tivesse posto a questão do Médico-Bibliotecário por ser alguém que conhece bem as questões com que se debate a profissão, as suas necessidades e a burocracia própria ligada ao meio hospitalar...
Suponho que, no mínimo, havia bombas atiradas pela Ordem dos Médicos.
Com certeza vêem a similitude de situações. Eu não tenho dúvidas de que haverá professores que cumprem a missão de bibliotecário muito melhor do que alguns profissionais do sector. O que é pena é dar-me conta de que todas essas pessoas, provavelmente, erraram a profissão.
Os médicos tiveram a sorte de os deixarem fazer o que eles querem e gostam de fazer. O mesmo se passa noutros sectores de actividade.
E se deixassem os professores SER PROFESSORES?
Porque é que lhes atiram para cima com uma imensa série de tarefas e funções que não são leccionar, incluindo ser o bibliotecário da escola? E porque é que ninguém está contra esta realidade, que só os desmerece?
Para aprender quais são os problemas e como se mover nos meandros da Educação, há a partilha de informação. É assim que o bibliotecário de um hospital trabalha (isto para usar o exemplo acima).
Os professores são os primeiros interessados em ter um centro de I&D com aquilo que precisam em cada caso a funcionar decentemente. Tal como acontece com profissionais de outras áreas em cujo local de trabalho existe um centro de documentação, biblioteca, arquivo etc., gerido por um profissional de informação.
Eu até acho bem que se aproveitem as infraestruturas de redes de informação existentes e mal usadas. Mas isso não pode ser desculpa para se continuar a tercerizar os agentes de desenvolvimento das BE's dentre a população docente, numa espécie de "voluntariado à força".
Termino que o comentário já vai longo.
E, já agora, vou também postá-lo no meu blog, com a devida menção da sua natureza.
Obrigada por terem lido.