Terça-feira, 18 de Abril de 2006
"Pirataria, meu caro amigo, é chamar pirataria ao empréstimo de um livro! Pirataria maior é chamar pirataria ao acto de deixar um livro em lugar público (aliás, já nem é pirataria, é uma tentativa descarada de intromissão nas liberdades individuais)! Qualquer dia temos todo o acesso ao conhecimento, mas mil e uma restrições para o difundir. As grandes editoras, discográficas e afins que se adaptem aos novos tempos e aos novos públicos, e não o contrário. Existem já bandas que prescindem da venda de suportes físicos, fazendo a promoção da sua produção intelectual em sítios que permitem descarregar as músicas livremente. O seu retorno financeiro é alcançado através dos concertos ao vivo e da venda de merchandising. Haja vontade e boa fé e a livre difusão de conteúdos será possível. Um escritor, por exemplo, pode ter outras contrapartidas financeiras para além da venda das suas obras (sessões de autógrafos, participações em debates, conferências, etc). Ou será que a perversidade é tanta que se admite usufruir da WWW mas só para proveito próprio? Não deixa, no entanto, de ser um pouco irónico que as origens da WWW provenham de um país que gosta bem mais de dar que receber. No entanto, a WWW transformou-se precisamente num dar e receber constante e, só assim sendo encarada, se poderá tornar num instrumento útil e despretensioso. É isto que incomoda os Rumsfelds deste mundo: a net está fora do seu controlo e, pior do que isso, já não conseguem aumentar as suas barrigas gordas com ela!"
Um abraço!
Gaspar