. A linha do Vouga voltou a...
. Mosteiro de São Salvador ...
. ...
. IFLA e Lei de Bibliotecas...
. Manifesto 2022 para as Bi...
. Boavista
. O Porto ainda a meio do s...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Este ano de 1013 parece não haver condições para realizar a feira do livro no Porto.
Não há entendimento entre a APEL e a câmara do Porto para a realizar na baixa do Porto.
Desde 1930 que se realizam feiras do livro e Portugal. Em espaços públicos. Em Lisboa no Rossio e Parque Eduardo VII e no Porto começou na Praça da Liberdade, depois foi subindo pela avenida acima. No tempo da ditadura compreende-se que fosse feita na rua. A ditadura não tinha especial estima pela alfabetização, nem pela leitura, nem pelo livro. Afinal, era o regime do livro único nas escolas, sem bibliotecas e com cerca de 20% da população analfabeta ainda nos anos 60. A esmagadora maioria tinha 4 anos de escolaridade. A feira era a oportunidade da classe média paupérrima e ávida de cultura poder comprar em feira poupando alguns escudos. Com a democracia a feira ainda se realizou na Rotunda da Boavista e posteriormente no Palácio de Cristal. Local quanto a mim, mais digno e acolhedor para o livro, na companhia da Biblioteca Almeida Garrett. O Rui Rio voltou a mandá-la para a rua como no “outro” tempo em que pouco em nenhum interesse havia pelo livro.
Sempre me manifestei, concretamente aqui no blog, contra a feira na rua.
Em 2 de Junho de 2007 dizia: “Confesso que prefiro as feiras do Livro em espaço fechado. Mais intimo e menos dependente dos humores do tempo. Mais identidade e menos feira das farturas. Mais intencionalidade e menos dispersão.”
Em 2 de Fevereiro do ano seguinte a feira esteve para voltar à Avenida dos Aliados mas lá ficou pelo Palácio de Cristal. Perante a eventualidade disse: “Preferia a Feira do Livro em espaço fechado…A Feira na rua é desconfortável, desagradável. É uma coisa de ver e andar. Não dá jeito andar com o guarda-chuva numa mão, sacas de livros na outra com a água a entrar nas sacas, molhar os livros e não ter mais mãos para pegar noutros livros, ler, tirar a carteira e pagar. Considero que a Feira do Livro no Pavilhão do Palácio de Cristal tinha melhores condições ambientais. No pavilhão havia um espaço para as crianças que quanto a mim só pecava por ser pequena e pouco visível. O espaço de café e auditório era muito agradável. Talvez fosse interessante outros espaços com actividades paralelas com forte componente da imagem e música dirigidos essencialmente ao segmento de público jovem. A tenda pareceu-me sempre espaço de parente pobre. Mas como a sua necessidade é evidente, então seria de aumentar e estender o espaço de tendas até à Biblioteca Almeida Garrett de modo a aproveitar ainda a galeria deste edifício e inserir a própria Biblioteca numa grande festa do livro e da edição.”
A 10 de Maio de 2010 aquando do regresso da feira aos Aliados voltei a dizer:” Confesso que gostaria mais da Feira em espaço coberto. Com zonas de leitura e descanso. Zona de restauração e bares. Babysitting e biblioteca infantil e juvenil com actividades.
O Palácio parece-me bem e seria forma de o utilizar e ligar à biblioteca e à galeria de arte. O que nunca foi feito.”
A Feira na baixa tem certamente mais custos. Pavilhões mais complexos, mais policiamento, mais vigilância por mais horas, mais montagens de pavilhões. E muito menor qualidade. Estive no ano passado na apresentação de livro “O Estado em Portugal (séculos XII-XVI), de Judite A. Gonçalves de Freitas, edições Alêtheia, 2012” e o espaço destinado a auditório mais parecia um contentor das obras. Coisa deprimente. Não é certamente o melhor para a festa e para o mercado do livro.
Este ano não haverá feira, o presidente da câmara entende não comparticipar neste custo. Tem os seus gostos. Os automóveis e os aviões. Não os livros.
A feira do livro não é apenas uma actividade comercial. É uma grande iniciativa cultural, e devia ser ainda maior a actividade comercial que desenvolve. É o focar no livro, um produto que tem vários concorrentes na fileira dos consumos culturais. É um objecto de cultura, de literacia, de cidadania. É também e cada vez mais um produto industrial o que não o faz deixar de ser em parte do seu segmento um dos mais preciosos produtos socio-culturais. A feira do livro não deveria limitar-se à venda do livro, em boa parte ao escoamento de stocks, a algumas acções de autógrafos e pouco mais, mas devia mesmo crescer para o patamar da negociação de direitos de autor, dar impulso à figura do agente literário, promover mais iniciativas paralelas com sectores ligados à indústria editorial e profissões ligadas ao livro.
Havia três opções: Anular, manter ou crescer. Naturalmente uma delas foi a escolhida.
. Livros que falam de livro...
. Dança
. Rebooting Public Librarie...